quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014

Engulo com desgosto um copo cheio de ácidos oferecido por ti na areia da praia, você olhou para mim e disse: toma tudo. Sem questionar assim como no Gênesis obedeci. Não havia nenhuma serpente maligna, só o veneno dela sorrateira que fora tirando antes por alguém. Sem que movesse um dedo para abrir a garrafa jorrou de seu peito o liquido e aparando me deu de beber, para quê? para no ar eu sentir acesos os lampejos de tensão, fogo, fogo que consome, mas desobedeci não me queimando com o fogo, não houve efeito esperado, Eu pensei em gatos selvagens de repente - tigres num rio, depois em leoas lindas em grupos de seis, sete, não lembro bem, pensei em feras escuras nas matas, pensei no vermelho sobre o dente deles, na presa deles, pensei em unha sobre carne pulsante, nos pelo eriçando, no chão seco - por um instante observei um dos animais vi em nossa direção, a leoa chega da cor de capim seco, amarelada, perto de nos olhando sem espanto, ela vem decidida e grande vem para cravar os dentes e crava na minha coxa com sobressalto e você só vê, só repara, ainda faz uma careta de nojo quando o sangue vivo desce, só, eu aparo um pouco e toco no teu rosto, você corre. Eu acaricio a cabeça enorme do animal, toco no seu pescoço com a mão, tento me esticar pra sentir seu ventre, mas sinto só sua respiração forte, ela faz força e me derruba, me suja de areia fina e não liga se grito de dor, ela me devorara. Eu saio de lá outro, finalmente outro, aceitando, mas em casa vem a todo o corpo a absolvição do licor ocre, é ainda parado antes de sair do carro com a minha testa encostada no volante olhando pro breu que mais uma vez sozinho choro e toco nas feridas, porque eu sinto amor, desejo que o gato Miqueias pule e entre pela janela e encoste sua cabeça peluda e sua calda movente em meu vente e lamba as lagrimas do meu queixo e durma no meu colo, desejo que quando Eu entre tenha uma grande festa babilônica onde toquem blues na sala, que algumas mulheres lindas subam na mesa, me ergo dentro do quarto vejo a cama me chamar de "meu bem, vem dormir," mas eu não posso, se não morro, ainda é recente. Ainda é frescor o vermelho, a incisão. ainda

Nenhum comentário:

Postar um comentário