É
manha de fevereiro, descobri que se apaixonar é uma bosta. É domingo, acabei de
ouvir algo bem legal sobre tempos perdidos. “Somos tão jovens,” Renato
canta com uma vivacidade tênue que se lança a algum melodrama de pessoas
normais entregue ao mundo para que se faça, como queira.
Acabei
de ler, de ouvir de um desconhecido que ele vive e que a maioria das pessoas
existe, não senti sinceridade, apenas efeito de uma frase bonita, porque o que é
bonito nem sempre é o que se é, o que se pede. Ter meu próprio tempo é o que
quero por hoje.
Acender
luzes no peito de alguém já me traria um imensurável contentamento.
Não
quero, já disse que não quero prometer nada. O som delirante de uma guitarra
numa hora alta. O dedo perito, preciso prestes e entregue a onda que espuma que
me bate contra a parede de dignidades pisadas. Onde esta o relógio do mundo?
Quero dormir. Acordei cedo, sem sono, mas com um cansaço no espírito que
transpira um suor desse dia lindo e solar que a cada expandir do diafragma
sinto um medo prometido, profetizado, o Gêneses que aceito, simplesmente aceito
e reconheço de forma débil minha pequenez diante de alguma poeira provinda de
uma explosão antiquíssima, selvagem fora da terra.
Me
sinto no meio do mar. Um oceano de agruras. Águas nervosas, pingos de uma chuva
que mata devagar a sede. Olho a manha, ainda estou nela enquanto tento com
todos os meus sentido dizer a vos algo, a mim dizer o que há, dizer a essa
manha com uma luz tamanha e límpida que estou aqui, por um relance observo a
contemplação de um olhar castanho que chamaria se pudesse para uma viajem pela
via láctea, por cada estrela, sempre em frente, sem medo, sem sono,
desfixo,
está
cedo eu sei, darei tempo, é cinco da manha, mas já há eu aqui firme com um café
na xícara na mão, mas não quero distancias, quero aproximações, quero a coragem
de olhar e tocar em pupilas sem matéria, agora, sem querer falo, mas falo sem
prometer, mudar, passar, deixar e seguir é uma sina, não quero quando mais
queria, cuspir no prato que comeu, darei por um momento prazer ao rosto, darei,
darei como dou a mim mesmo quando sonho com jardins, tulipas, begônias
tarântulas, uma homenagem, a vida que traz sempre alguém pra valer a dor.
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