domingo, 16 de junho de 2013

Todas as noites são sempre as mesmas noites
Me divertindo cá na rede a imaginar 
olhando o céu
Uma vida de sonhos
Com ilhas sem gente alguma
Mas com gnomos, fadas, duendes,
Mas
Todos os dias 
são sempre os mesmos dias
Acordo dos sonhos
Sem mais imagens, tempo, contos de fadas,
Me tranco numa sala  de
Frente pro computador
Sem poder imaginar vida paralela nenhuma
Ah, como é necessária a criança ainda presente 
e aguentar as desordens do dia-a-dia


Amo-o todo dia
E ele a seu modo a mim
Como-o como ao pão de cada dia
Devorar-lhe fomenta sublimação
Respira-lhe não requer tanto
Agradecer-lhe sim,
Requer um obrigado
a cada pagina que vai
ouvi-lo ecoa
toca-lo arrepia

canta-lo é pura alegria
Mesmo as folhas secas são encurraladas,
Reles paisagem
Mesmo a lagrima ferve e evapora violada
Mesmo o canto alto dilui-se no vento
Não há catedral que perdure
Messmo eu, mesmo eu o quê?

Que falo sobre mim?
Daqueles dois resta densa fumaça
No ar de um lado fogo
Do outro gelo
Mas quando se acende o fogo
Ocorre o desgelo
Basta o toque das duas peles 
pra haver combustão
Basta a fricção 
e risca-se o fosforo
basta noutros momentos 
olho no olho
pra faísca surgi
e o liquido volátil
equanime 
diluir tanta densa vontade
provindo da pouca idade 
e da muita aspiração









em 16.junho.2013 para Y 

quinta-feira, 13 de junho de 2013

Não adianta meu bem tocar no teu peito
Com meu canto de silêncio
Pois cantando os detalhes que sei secreto
Clandestino, sei
No fim não daria Nada nem Rima.

Cores de pele com rangeres de cama,
Ameacei começar, mas impossível, pois
Mesmo os teus olhos, esferas azuis
Que me anilaram no breu, dois céus de voou e de queda,
Que cheiram a baunilha
Também não transpassaria
Pela tênue ondulação do canto...

Ah, como há brancura glacial de pele vampírica em vos
E como tremo tocando-a lisa, molhada, ferormônica
Entorpecendo meus pensamentos e pulmões.

De tua boca úmida, grossa, grande devoro como ao doce da anis
Mas, preciso pausar agora e dizer que ainda não me enlouqueces,

Quero dizer: acho estranho, estranho ser ao teu lado são
Não me tiras os pés do chão
Tão cientes que fomos de nosso papel

quinta-feira, 6 de junho de 2013

acordo e durmo com seus olhos, perambulo, sento, deito com seus olhos, lindos e redondos, apertados e palpitantes, me ergo e eles se erguem, agacho e eles descem, rodopio, rodopio, corro e canso, sôfrego, suado, quenturas e fito seus olhos marejados num canto, firmes, dizendo algo, algo, algo, que digo ainda não quero saber por favor, ainda não, me basta estar apenas com seus olhos
Ainda não posso poetizar sobre amor / Ainda há secura / Amargura / Languidez / Ainda há eu e eu / Comigo / Sem espaço pros súbitos arrepios / Provindo da voz / Do canto / Do violão seu / Da letra enviada / Pela manha / Basta / Por enquanto / A surpresa
me fortaleço e me seguro pra não acreditar na vida, consigo como ninguém ver o que não existe nela, se soltar as rédias da vontade um grande estrago, eu pulo no abismo, vejo piscina azulada e quente, a fibrila molhada no lugar do frio buraco; um convite que resisto inseguro, eu sei e quero, seu sei e ameaço alguns passo avante, até retroceder, eu sei e ouço o canto de sereia, eu sei e me refaço, eu sei e como sei do que me espera lá, mas eu quero e digo não.

quarta-feira, 5 de junho de 2013

havia movimento em suas mãos, nos seus dedos pássaros voavam cortantes, cabeças baixavam medrosas, a cada toque dos seus dedos no colo meu magia se fazia e animais artrópodes moviam-se assustados da caverna escura que era invólucro do coração, louco, louco de tanto esperar a vida que se languiu, o pé que fixou, a brancura dos fios, duras junções, espinal vergada do peso, dos medos, do tempo
a noite chegou, o som dos morcegos veio, das asas pretas em impulso quente, peludas, não fez-se silêncio, porque também o breu intocável fibrila nas frestas das pedras e o som do horizonte em raio e trovão sacodem quem anda e pressente molhar cabelos descoloridos, a chuva dos céus para peregrinos rumo a salvação que a noite ganham balsamo dos mesmos céus, o pensamento para purificar, pois enxergar a si mesmo diante do espelho cruel das iris alheias requer densa maquiagem, é diante do caos e da vergonha do outro, diante do vindouro que se para a beira do rio, sentando, molhando os pés, a cima a cúpula fatídica esverdeada, no meio caem algumas folhas ziguezagueando lerdas-amarelas, tortas e tontas, desprendendo-se dos galhos, deixando o cume, prontas pro fungo.