terça-feira, 2 de dezembro de 2014

De repente um forte enjoou. É necessário dizer que a noite foi de pesadelos, por volta das seis horas de ontem ficou sabendo de um grande mal, pouco mais de doze horas de agonia, ânsia de morte, todo o seu corpo se preparou pra receber o mastro que correria o mundo e cairia na testa, mas há poucos minutos uma ligação comunicando que tudo fora esquecido e perdoado. A mistura da agonia com felicidade repentina dá enjoou, refletiu enquanto abria a janela do quarto e se concentrava na luz do sol que incendiou a faísca que aquecia o peito.
a medida que o ponteiro vai passando indomável os passos são dados com força no piso das ruas, se você for medir seria uma pluma flutuante tanta esperança cintilando no peito do pé,

terça-feira, 18 de novembro de 2014

sempre me rendo te olhando
(pode ser de perto de longe, não importa como)
fita-me num virar de cabeça, no levantar da cama, entrando no quarto, molhado no banheiro
basta duas piscadela e meu corpo se rende
não importa
porque a redenção trás a tona os coqueiros e ventos de uma praia a qual passaria a vida toda contigo
emergidos do sonho pingamos placidez que se ergue de nossos dedos em encontro ao beijo mordido
fruta do pé
madura e docinha
vermelha
estalejando batidas do meu corpo sobre o seu de quentura
roubaria teus castanhos olhos
me deito com teu silêncio,
teu braço sobre minha cintura
apertando meu coração
há alguma respiração sobre minha nuca
pelos espetando com suavidade o pescoço
e agarrados ao peito que bate
nos puxamos rumo a vida de nuanças
de uma movimentação estalactite,
noite estrelada de Van Gogh
assombro-me com a voz que sai da boca pequena
me beijando o pescoço,
porque é duro deixar você ir,
porque parte de mim segue teus paços e teu cheiro,
porque meu corpo reclama sua face descansando sobre o sol da tarde
ou a sombra da seda azul que balança
vento&mar, imensidade,
uma estrela se derrama sobre nós
e eu apeteço em sua boca,
em sua força motriz
em sua voz de calmaria,
como um rio profundo,
águas dos andes,
mananciais e riachos doces contornando as pedras
obedecemos aos desejos nas pontas dos dedos,
vou como a voz que não volta,
como o paço dando a frente e avante sigo sem medo


quarta-feira, 1 de outubro de 2014

Ele guardava silêncio nos olhos castanhos,
Era algo intimo e precioso, doado aos poucos
Diariamente me olhava com olhos de rottweiler
Pressentia que a qualquer momento, haveria um ataque
Me pegaria pelos braços e me levaria a algum lugar
Onde pudesse tocar em meu rosto
Mãos que intuem um carinho antigo
Guardado e doado como se um voo partisse de seu peito

E tocasse o meu querendo-o mais

segunda-feira, 1 de setembro de 2014

a qualquer momento a borda da piscina seria molhada
duas lagoas azuis piscando
cílios calmos a observar o vento
dois pulos, um em cada olho
mergulho e emersão
duas mãos agarradas ao rosto, encobertos,
alguns segundos se passam
a festa de sensação encobria rebanadas
asas soltas prontas pro encontro
a areia pele se evaginou
choveu forte naquela tarde
e não turvou a vista das palmas que caiam,
verdes

sexta-feira, 22 de agosto de 2014

Veio dos mares essa anedota sem inicio meio e fim
Na boca da noite um beijo do lábio jambo caiu do céu de ventos
Na boca da noite a pele em safra no templo em Babilônia desabrochou pros ventos, 
pra terra e na copa amanheceu meio terra, meio madeira, fruto fértil, recebeu línguas estranhas, suores e malicia em sumo
Os jardins de Nabuco, um tempo difícil também conhecido maravilha das tragédias abstratas, fenômenos da natureza, tempestividade dentro e fora das gentes, tudo pode acontecer, ventanias erguendo pessoas do chão, é o espaço em que se tira do pé jambos maduros prestes a se estragar ou só olhar a lua maior - quando menos se espera chove meteoros a olho nu, o tempo dá vida, dá floração dos sentidos, aguçados por mordidas de morenos na pele sensível, desabrochados em lugares improváveis, é tempo das plantações também, das sementes provindas do peito que bate a muito custo, passa-se nos cantos, cava-se, deixa-se pegadas pro descaminho pra colher dengo e caricias num futuro de lírios nas cores azuis.


É tão fácil como os ventos carregam folhas secas do tempo que não volta mais. E assim, todo passado deveria ser leve. Toda palavra dita deveria diminuir de peso com o tempo que não volta mais, mas na verdade só ganha peso as que constantemente insistem em retornar quer por força da natureza que por força da vida e dos ventos que nos carrega rodopiando nas calçadas, estradas sem fim, esquinas de postes e cruz em corpo. 

Veio do mar negro o inicio da tardinha
Dizia que na boca de uma noite estrelada um beijo do lábio jambo caiu do céu de ventos sobre queixo erguido, sem pressa num templo qualquer, me disse uma voz. Na boca da noite a pele e uma pétala em safra num templo em Babilônia desabrochou pros dedos lírios de um rapaz ocre, pra terra e na copa do céu amanheceu flores de sorrisos férteis, línguas suadas e malicias em sumo. Trata-se de algo proibido. Pela manha passei em jardins de um tempo difícil, também conhecido como maravilha das tragédias abstratas, fenômenos da natureza, tempestividade dentro e fora dos caldeus, tudo pode acontecer, ventanias erguendo cabelos do chão, é o espaço em que se tira do pé jambos maduros prestes a se estragar, mas não se estraga, quero dizer, só se você não tiver tanta vontade quanto eu tenho, pressa em comer novamente minha infância, doce infância desprovido de tanto hormônio, pelo, voz grossa e músculos que antes mais ponderavam os sorrisos e as corridas sem sentido rumo ao dia preguiçoso e intenso de alegrias que era jogar de esconde-esconde, assistir seriado de luta do japão. Ou somente olhar a lua bem maior a noite- fenômeno que acontecerá quando você tiver trinta e cinco anos, disse o ancora sério da tv. E quando menos se espera chove flocos de mel a olho nu, o tempo dá vida, dá floração dos sentidos, abre-se bem a boca, apanha-se no ar, aguçados por um abraço coletivo de pele com pele, desabrocha-se a noite e se tira a blusa pro encontro entre irmãos nos lugares mais comuns, prova-se salivas com doçura derretida de pirolitos. É tempo das plantar bombons, sementes caminhando em ureteres, passa-se nos cantos da curva do corpo gritando com o pulo da pedra alta no açude, cava-se bem o chão onde se pisa, deixa-se pegadas na areia molhada que seca e cega o destino sem dengo e caricias num futuro parecendo o mar pérsico há muitos anos. 
É tão fácil como os ventos que carregam histórias secas do tempo que não voltam mais e eu aqui do lado de ninguém gostando do meu silêncio preenchido de encantado desprendimento. E assim como o passarinho pela janela passa voando veloz na estrada, deveria ser também leve bem ali nós todos parados na asa em forma de lágrima e rumo como toda palavra dita que devesse diminuir de peso com o tempo e que pode se quiser vim mais cedo na língua e na ponta dos dedos. Fala-se com as mãos e com o corpo. Mas na verdade só ganha peso as que constantemente insistem em retornar, só ganham peso os que querem pisar quer por força da natureza quer por força da vida e dos ventos e nos carregam rodopiando nas calçadas desnudas de sentido (preso no estomago), estradas com um fim barulhento, som de tufão e roixinol, esquinas e cruz em corpo usados pra queimar e produzir cheiros fragrantes desagradáveis em pleno meio dia. 

quarta-feira, 13 de agosto de 2014

Esbouço para uma estória de renuncia e saudade

Ele pôde observar em pleno breu águas vivas queimando na ponta da língua, 
Ele acordou com cheiro de jambo no corpo
e de repente entre a boca e o nariz o cheiro da nuca do rapaz ainda do dia anterior 
Do olho caricia e castanho veio um zumzum de benjoins, voavam de um lado pra outro. 
Ambos estavam a procura de pólen, acharam fragrante incenso do mais alto Himalaia
Na noite anterior da areia mesmo ele avistou o moreno tomando banho no mar quentinho
Era verão, um eterno verão nos trópicos e na testa dele dizia  pra tomar cuidado, não abriu a boca pra saber que se tratava de um olhar com alma rasa. Entrou devagar a profudidade veio no inicio no joelho.
Não pulou de cabeça, o tempo era de bel prazer e assim como a noite não leu os sinais, ao contrario disso correu com algum cheiro de sol ou de surpresa em vão, 
mas de repente o aviso do moreno flutuou na maré alta 
e o canto de passarinho pelo suor que descia do pescoço grosso do moreno 
espraiou poros da pele do recém-acordado, havia café na mesa, a chaleira não piou
Ergueram os braços devagar, ele aparou na mão o humor dele com o pulmão 
O radio ligou e avido nariz farejando as notas da música já no ar veio cheiro de acácias 
O jardim fervia de insetos, polens em todos os lugares do quarto,
A língua se sentia um tanto salgada do trabalho duro

O sol iluminou o rosto dele 
o lábio grosso do outro,
ambos camicazes em folhas secas indo de encontro ao azul celeste
Desciam
num momento monstros enormes confundindo-se com o ambiente, 
estrelas do mar perdidas, moluscos escondidos, lulas e polvos mudando de cor 
Um camaleão do deserto mudou de cor resignado nos navios de fundo negro 
reino perdido, sereias do mar maliciosas, dançantes, de caldas e sorrisos eloquentes, faceiras, um encanto dentro de um coração tão pequeno, matavam homens sem amor,
admirou-se do blefe do moreno, que apenas cheirava fruta.
esbouço pra um conto erótico

Meu sonho é vim um cara ficar me chupando por debaixo da mesa enquanto eu trabalho.
Mais um fetiche anotado
Eita, to vendo que vai ser difícil resistir você, mas eu consigo
Safado
É verdade, porque no fundo sou serio safado só no raso.
Mostrei o jakcstrap pra o meu namorado e ele achou coisa de viado
mas não é, é diferente.
Fico com muito tezão, caras usando essa cueca rasgada na bunda, fico louco
Vou usar pra você, mas não pode tocar, lembre-se
Já to de pau duro e ninguém vem aqui me chupar.... droga
Lembre-se n pode tocar, você namora

Ok, não vou tocar, só olhar
isso mesmo

sexta-feira, 8 de agosto de 2014

sobre o desejo de Jupiter no mês de eupção

o mês dos ventos é o mês do perigo e das chuvas de pedras, disse o astrólogo com gosto de estrela na ponta da língua, com olhar atento pro telescópio apontado pro breu, pro céu do seu peito - de sua janela no jardim desapercebeu uma flor quando sentiu urgência e desabrochou trombeta de anjo teimosa no ar,  porque estava entretido com pétalas vermelhas mais incandescentes que se derramavam num lua de Júpiter, dezoito vulcões de zanga ardendo na pele enluarada na orbita de Zeus.

nas noites de agosto uma chuva de meteoros varre as estrelas do céu, gotas de luzes, vaga-lumes do campo, sons da lua cheia nos cantos e gretas em uivos de lobos maus em esquinas de boa conversa, do céu da boca se derrama aos nacos dos lábios grossos do moreno jambo sutis explosões no peito sem apelo&pelo - mordidas descem da grande viagem, brilhos e foco de um céu atras do olho castanho desflorado para além da pele chá mate, tomando com calma e caneca a noitinha antes de dormir desejo.

Agosto chegou trazendo perigo de vida, da morte trouxe má fama, um mês de ventania, de sedição meteórica e céu a noite com gotas de luz e de luas em Júpiter gritando, pura erupção, estrelas em explosão, das cinzas em orbital se faz o éter da malicia que não senti mais o rasgar do magma nas crostas de Cronos preso nas entranhas, ventre distante e ventanias constantes - agosto vem com gosto de chuva de fogo, de entrega e comoção. Procure guarda chuvas que implore a noite vendo pedras vaga lumes caindo na atmosfera mortal, pedidos a estrelas cadentes carentes de chamego, antigo movimento que intui um mais que querer.

numa manha de água na boca de agosto o desgosto não finca estaca, numa manha leitosa desse dia, uma quentura gostosa e um café descia aos goles pela garganta, do lado um amor cheiroso fritava no silêncio claro da sala, dormindo com olhos ainda incrustados da chuva de desejo e magma da lua de Júpiter.





terça-feira, 5 de agosto de 2014

esbouço de uma paquera
oi
oi
o que você manda rapaz?
mandar? sorriu e pensou, que tal conhecer você melhor?
essa é uma boa ópção, você parece ser uma companhia deliciosa
isso você vai ter que provar
eu quero então
afim de sair hoje?
pra onde?
qualquer lugar onde eu possa te beijar
é natural se sentir perdido no mundo
quando há perca de sentido pelo caminho
ou quando a existências das coisas mudam de uma vez
pedras no meio do caminho repentinamente  rolam
e de repente um ato que não diz nada
uma janela se abre para o pássaro entrar claro e freco
pio ventando no canto da nuvem azul
olhos sentados na grama, 
coração aquecido da terra, 
ouvidos sorvendo mel
vem com cheiro saudoso de amor
ensaio sobre a imaginação
a criança pergunta
que isso?
um microscópio
para que serve?
para ver coisas que normalmente não se vê
tipo o pensamento?
sim

quarta-feira, 2 de abril de 2014

não quero mais perder o sorriso do sol com a mão da manha,
doí não prender em jubas leoninas o cheiro dos pássaros de capricórnio
que emudecem no colorido do sol e atiçam a visão do azul céu, 
prender doí no canto do bico e do dente,
é meu pesar que agarra nas penas da primavera no fim do inverno ou enlaçam o desembaraço do pirilampo a noitinha, sertão,
esmorecendo no corpo bambu, inerte em casa, cama, canto do olho.

se tu que sempre vem com esbelteza quiser ir,
vai
se tu que me sorrir nos sinais de semanas quiser ficar,
tu fica!
se tu que me sorrir pelo ouvido num sopro de instante pétalas vermelhas,
fluxo de cores, algo libertino, perolas jogadas em cofres, artesão 
pudesse ter ciência do que tenho,
extremamente difícil de se realizar
ou doesse como me doí a cada segundo depois do primeiro grito
esforço na maternidade de uma laça pontuda fácil de desatar
basta mais um grito (e pronto)
de uma vida sem espaço delimitada no
limite ou extensão de alcance entre
galaxias, hiato
greta como solução
abertura no corpo humano
onde o sorriso retumba e o cheiro de 
penas nadam peixes bambus
puro exercíco

sábado, 22 de março de 2014

estava disposto a escrever sobre lindezas que ficam ao redor da mente, estava decidido que novamente falaria inesgotável sobre estrelas nos céus, pores de sol e que a lua deveria ser mais linda vista de alguma ilha na Grécia, de Creta, Ítaca ou Lesbos, os pés dentro da água e a lua de mel a sós estaria lá dentro e bem limitada no horizonte acima da cabeça, na cor metal de um rock dedilho de guitarra, mas leve como os ares mornos dos oceanos ainda azuis para ajudar observar as estrelas ao redor, para que falassem as águas que quebram como uma pata de monstro na areia dos olhos de Deus, sobre como eles são e de como ainda é possível a absorção desse percusso estelar que faço ao amanhecer, desse dia após dia, engolindo o tiquetaquear das pernas com pressa de perder o ônibus, de não chegar a tempo pro rosto escavado que bate numa parede cor branca, dias após dia, a precisão implacável desse instante, olhe para seu pulso perceba e tente se puder parar o ponteiro, trema de medo e de força que fará, momento em que se sente nas pontas dos dedos a febre que recobre todo o corpo, amar no maremoto de duas coxas que se erguem ligeiras pode ser mais eloquente, pode não é mais, e se abrir uma fagulha de interrogação o sopro dos sons de palavras, apenas as jogadas nos ares oceânicos, rock em gemidos na Atenas de 300 a.c, serão as que tira da boca a querença. 
    

segunda-feira, 17 de março de 2014

17 de março de 2014, às 10 horas 53 minutos. Pensamento grácil. É muito bom que a vida te dê presentes gráceis, é muito bom o presente que a vida resolve te dá quando bem entender e você menos espera, quem sabe, ou quando for preciso, quem pode saber ou quando tiver que ser Vai ser de uma forma ou de outra, a pergunta que não quer calar a boca, por que a vida é assim? sim, eventualmente por algum capricho ou por alguma vontade extra terrena, quem sabe, ela resolve te contar algum segredinho dando pirulitos roubados de uma criança no parque, chega infalível e divertida para dá um beijo no rosto e gargalhar como um pequeno segredo num bilhetinho escrito na mão (nunca antes me tinha sido contado), pois quando passo em meio a multidão azedume dos dias de horror é quando recebo da mão de alguém um aperto camarada sabor chocolate ou quando sou exprimido contra superfícies de pele quentinha num abraço enternecido (peito a peito) decidido a mandar embora os desejos da infância a vida me presenteia; quando também abro os olhos logo a noite e vejo pela janelas abertas o toque das pessoas que interliga corações jaspeados por veias e artérias nas praças, ruas e calçadas, é quando acredito um pouco nas estrelas do céu; vejo pessoas lilases brincando com águas vivas sem medo de serem felizes, vejo luzes coloridas ao redor transpassando os namorados de mãos dadas em casas nas cores de recife afiado, andam devagar e com cuidado, vejo também facas usadas pra cortar legumes com sorrisos na boca em vez de sangrar, sangrar mesmo só o sol da tarde indo pro mar e quis se calar um pouquinho diante daquela esbelteza toda e ficar acordado para ver a manha aparecendo de forma condutora elétrica não pelas cores mais iluminadas do dia, mas mais pela janela de alma aberta pro céu azul em buques de rosas para espinhar os dedos, os mesmo dedos dando ordem ao caos, caos, caos que novamente rodeia, mas que agora não quero pensar nisso, porque os recifes de azul afiado e as águas vivas que queima lilases podem tornar o angulo do mundo mais tênue de se viver. 
quando as mãos de jasmim tocam as luzes na água azulam com o simples perfume o mar, o mar que quebra nas areias do coração pegando fogo e na beira da praia o magma endurece de pena, há uma parte própria para o banho inglório, morno e transparente, há uma parte que mata de rir outra de chorar, as pegadas se apegam mais com o fogo das velas dos barquinhos a noite e de manha cedo podem pelo destino novamente se tiverem coragem fazer algo bem doido e sobreviver pra contar. Pular de penhascos, nadar com monstros marinhos, saltar de paraquedas, e pra amortecer o baque lá no fundo do meu peito a dor pega fogo nos olhos enquanto o infinito de folhas verdes encontra o voo livre, eu quis viver para sempre ali sobre o remexo das arvores do céu ou batida da asa azul de algum passarinho no cio ou ainda passear com flores colhidas dentre vidros no horizonte pra presente

sábado, 15 de março de 2014

ouvi a tarde se fechando em pérolas de breu
jogadas do céu com cheiro da terra úmida, lá ia o sol e
lá vinha arterial grande volume d'água queimando gravetos, penas cor mel, gargantas de areia tremendo na voz inconfidente, telefone que não toca;  mudança que se dá na velocidade de uma flecha, maçã de pele vermelha sangue e a gostosa mordida deverá ser ainda por cobiça

quinta-feira, 13 de março de 2014

Se acende escura uma vela de insônia

Bem no meio da sala vã de pernas pro ar

Se joga no chão mesmo bem ali no circulo

Aquilo que não vale um palito de fósforo queimado

E no fim de alguns minutos se nega a clareza viva da matéria estelar

A cera queima lerda na pele chão da casa, escorrega dureza pelas frestas conversadeiras, escorregam ceras liquidas findando o fogo do pavio ou o manto de traços do desenho antigo que ainda estar por vim, manto de sonhos que cobrem de cor borboleta recém saídas do casulo oco, mas ávido e heroico, sobre o rosto incrédulo, mas feliz, estava alimentado e expôs ao azul do céu enjaulado a chave se remexendo pelo sopro de uma criança dentro da fechadura que dizia: dê alimento as mãos com quentura na fria madrugada e dê manhas passarinheiras aos olhos que descem velozmente pelo mar, abra seu peito quântico no esplendor dos sorrisos veludo massageando ouvidos felinos, queira e queime-se do balsamo ao seu redor, invisível aos olhos de ambição, as portas sabem das coisas, escute-as, elas ouvem e vem as pessoas em sua intimidade, a cada batida do coração, cada toque de lagrima na madeira, elas que contam com tamanha mudez a perfeição da flâmula nua escapando de gaiolas ruínas que sempre ficam pra trás, já as janelas mais mexeriqueiras e curiosas são  implacáveis, recebem visitas de passarinhos azul céu e de insetos que procuram o verde, o chão, do vento espiritual e como o pavio curto que até pouco tempo disse, adeus, são rápidas, acompanhe-as. 

terça-feira, 11 de março de 2014



Agora que amo posso ser surpreendido olhando besouros azuis cheirando polens no jardim de begônias, rosas e magnólias lindas na espera delicada de mais um pouso fértil, as jasmins e pimentas se desprendem no ar aromáticas com os  pulos e voos vazantes dos pequenos animais recém morfoseados e sentindo a fumaça de incensos de baunilha do México grudados na roupa já jogada no chão alguns insetos curiosos aproveitam e descansam, pele nua de orquídeas chocando-se a todo instante, braços e pernas, vento nos nervos do nariz, das patas e pétalas e ao longe como uma miragem a copa da mirra na Somália em amargura ferida por homens ousados, ver que a luzinha vermelha do fogo como ingrediente do sol descansando sobre um granito em cima da cômoda no quarto em cinzas de limão, flores de laranja ou cravo-da-índia oleados pudessem tirar do rosto, do meu rosto o espelho ressecado e se desprender da perca de viço que as patchoulis frescas do campo, bem ali onde habita mitigações das dores sorvessem os tóxicos da pele, pois agora que sei amar sem guilhotinas cerceando as pontas sideral dos meus dedos, posso sentir as resinas pontudas de noz-moscada vacilando em uma vela acesa, do fogo de frésia inocente de algum canto sereno, arranjo na mesa da debutante, e nós ao sol visse o raio de olíbano com seu leite ureter em jato descer sobre o peito, abdômen e virilha adocicados.

segunda-feira, 10 de março de 2014

Quis mais viver quando uma folha da copa frondosa cai seca com o peso de mundo sobre as costas. Tudo era tão certo. A folha suave desceu na desordem de uma manada. Todas as coisas estavam no seu devido e estudado lugar por séculos. Havia uma casa, uma rua, um lapso no tempo do relógio do pulso azul latejando que empurravam todo o sangue para uma tarde quentinha - sentado em cadeiras de bambu com os pés descalços olhando o céu também azul, prestes a escurecer, na cozinha um bolo de batata recém saído do forno que não quis comer, ainda sobre a mesa, intocável, perfumado, excitando os narizes desatentos que respiravam sem perceber desconforto, arfado aroma, mas quão egoísta é, porque tão feliz era e tão desesperador era. Queria ir, ir ir. Só via um caminho. Estava prestes a correr, estava ouvido o convite que vinha pelo vento dos hemisférios. Era doce e queria azedo. Era liso, era macio. Pulou e caiu na areia, sentou-se em seguida num balção, bebeu em vários copos logo a noite, respirou em quartos fechados com mais de três, intoxicou-se comendo morfo, lambeu algas verdes no bebedouro, cortou madeiras pra fogueiras, pôs folhas pesada pra queimar

um beijo labareda lambendo os pelos da perna
boca a boca para um salvamento dos encostrados peito a peito
a língua ignição faz faísca de pedras 
um choque de mandíbulas vermelho helicoidal 

por cada pelo queimado, por cada poro aberto exalando suor,
por cada irrigação feroz, por cada tremor de pele terrena
trazia a margem da cama redonda, lagoa, a subida do tom,
ou gemido de um tigre subindo sobre a fêmea tigre no cio

o pelo em chamas de lambidas fogo
salvação diária de um tigre de bengala 20cm
beijo centelha elétrica de um gemido terreno
choque e irrigação do peito a peito

Queria ir montado nele, sobre a pele dele em movimento
sobre o couro macio vivo, não estagnado no chão de granito
arfando ares, imáculos adentrando virgens na selva imbele
sem olhara para traz, sem correr risco de virar sal

quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014

todos os dias quando amanheço céu ou sol para ver as fotos dos lagos, meses em que nadamos 

OU 

quando olho pro branco desse folha sem nada a dizer, MAS de repente é riscada com força eu penso em você: pérola-sólido-serôdio 

e aos poucos sendo preenchida de sonhos eu vou também perdendo-me entre os estilhaços, pingos, acentos de espadas sobre frases de amor. 

Do azul dos olhares mesmo castanhos vem o branco e o brilho dos sorrisos e gargalhadas soltas ao vento dos mares, fruto tardio que sua árvore de vida deu. 

Mas fechado, desentregue, guardada suas pérola nos meus dedos sem anéis as seguro recém-saídas de uma guerra. 

Quando ontem me ligou e antes que escutasse a tua voz, eu ainda estava grande como o dia nas ruas de concreto cinza e ressequido minha voz e meus músculos falaram contigo, 

até que te ouvindo me dizer seu nome senti reconhecendo-te a voz  mais linda do mundo

como se a lua de onde eu via no céu escuro descesse até mim e disse assim: “toma meu lindo, coma-a ou cole-a em teu peito, faça-a de guia, faça-a o que quiser”,
entardeci mais cedo perdendo o sol, tocou-me a Lua no coração, abri-o e aqui pôs um pedaço de estrela quente, sedenta e antiga. 

Fiquei feliz e radiando alegria, esqueci que tinha morrido ou em como era dolorido o cessar de amar de um para com o outro, mas que isso enxerguei dificuldade & entrega, 

decidi pela entrega, amar-te-ei assim bem prolixo e ornamentado para que haja obstáculos meus também e se for de vim algo  a mais ou ligação qualquer que seja para ambos o crescimento e as ópticas de simplicidade no beijo que não valerá ser descrito,

pois o que quero realmente fazer, uma vida humana tocando nos corações dos homens e pondo migalhas de luz que se fortalece empurraria-me para aquém céu

terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

duas mensagens não respondidas, duas mentiras ocultadas na ponta da língua das duas mentes que mentem, o que se passa lá dentro, gotas de orvalho grosso, pingos de chuva quente
mais do que nunca necessito me apaixonar. Gostaria de dizer que não, mas isso não seria humano. Busco humanidade quente, dispenso a frieza de ver a morte de frente sem tremer. Apaixono-me pelo que tenho a mão do pensamento. Pessoas apaixonadas são tão lindas e gostosas, são agradáveis e mais fáceis para que alguém lhe veja como algum pedacinho de sol no peito. É possível ver corpos celestes nelas, lhes rodando a cabeça, chamam atenção sem quer por serem tão vibrantes e fidedignas num ambiente tão desprovido de trepidações  
escrever para por o papel numa garrafa e joga-la ao mar. Faço isso quase sempre. Amor ler cartas de amigos, ouvir recados deixados por eles, até de desconhecidos que a gente encontra perdido na rede cibernética. Algo me agrada ainda mais, ver fotos. O que importa é que tenha gente e que estejam nus, que se dispam nelas, que a roupagem esteja no chão e que suas almas se mostrem com lágrimas ou gargalhadas, que se movimentem em fotografias, que queira dizer algo que não disse, queira falar ou gritar, cantar, sussurrar, é lindo quando você escuta uma palavra viva da fotografia, de um movimento estático que cai ou que pula, de um ato de silêncio imperando na planície latejante que é a fotografia ou quadro ou pintura, sim a pintura é ainda mais agradável de ver, nota-se que dela há alguma transitoriedade humana ou até uma prolongação que sai da tela e toca os seus olhos com meiguice, alguma tinta rasga a pupila, uma outra intui aridez, derrama-se como um balsamo E assim como o relevo de um pincel que foi na opulência de ser verossímil, talvez, Então, eu me pergunto: Por que não te amar vida?  

segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014


A apneia se deu mesmo antes que dormisse, uma noite de pesadelos; ainda pela manha Ramon não souber transmutar a falta de oxigênio em distração pelo sol que vinha da janela ou som das crianças que brincavam na rua, o café quente junto com o leite foram postos na xícara e bebidos devagar, tossiu algumas vezes enquanto o gato Míqueias veio sem pressa novamente em suas pernas querendo um afago. Os passos não foram dados com demasia, mas a amplidão era vivida e lânguida, sem que soubesse em qual instante se daria a repetição. Por um momento teve certeza de que tudo se resolveria e até teve orgulho de si diante das fotos  na praia com Tiago, Ramon olhou-as sem se emocionar. Dez minutos depois estava chorando, se controlando para não correr ou para não fazer algum contato indesejado, mas era maior. As flores do jardim eram brancas quando passou e suas pétalas jogaram perfume de drama da noite por volta das dezenove horas, as narinas sentiam e lembravam do espectro fílmico ou fotografia de uma paralisia elétrica ou de um avanço imponente já vivido. Uma luta barroca desbravada desde um tempo que nunca quis saber, a importância se dava no ponteiro do norte e no percurso contagiante das horas entregue a reconstituição; a apneia se deu ao fim quando pela noite esbarra seu olhar num outro que passava em algum corredor de um prédio, foi fácil iniciar a conversa, afinal era isso que ele desejava, era isso que Ramon queria em meio ao vácuo fúngico deixado por Tiago. Os dois estavam machucados e carentes, descobriu depois. Rodrigo apareceu lhe perguntando qualquer coisa, Raomon respondeu e entedeu que queria papear. Os dois estavam espertos e cabreiros, ambos com movimentos meeiros, o erguer das mãos eram pra sentir o que era sólido se espremer. Eventualmente Ramon sentia um aço acariciar sua ferida e se segurava para não gemer, se continha na presença do novo amigo que inicialmente não percebeu e nem quis fazer julgamento caso houvesse alguma coisa, logo tinha ficado contente em ter tido um fim de noite boa também ao lado daquele homem num jeans azul, com blusa branca, relógio da cor de sangue assim como seus olhos que marejavam de vezes em quando algum líquido invisível manchando alguma pureza latente.

sábado, 15 de fevereiro de 2014

a nossa sorte é que sou um tipo que não peço muito num contato mais intimo ou ainda poderia dizer que sou do tipo que num contato mais intimo consigo me contentar apenas com o que me é oferecido, não exijo pirotecnia, alias desgostaria  ver o quarto sem teto, rapidez, potencialidade, desordem, quem sabe por nervosismo; para mim basta o silêncio, basta o silêncio com alguns movimento certeiro, com olho no olho, como se estivéssemos nos concentrando para um salto de avião, faço questão de tirar tua blusa de botão, de ver bem e sentir bem o preâmbulo dos paços em direção a porta do banheiro, sob o chuveiro, molhados, um bom banho com sabonete, espuma e água a vontade, como se explorando o corpo o prazer da queda livre guardasse em terra firme um pouso num campo de lírios, 

quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014

Engulo com desgosto um copo cheio de ácidos oferecido por ti na areia da praia, você olhou para mim e disse: toma tudo. Sem questionar assim como no Gênesis obedeci. Não havia nenhuma serpente maligna, só o veneno dela sorrateira que fora tirando antes por alguém. Sem que movesse um dedo para abrir a garrafa jorrou de seu peito o liquido e aparando me deu de beber, para quê? para no ar eu sentir acesos os lampejos de tensão, fogo, fogo que consome, mas desobedeci não me queimando com o fogo, não houve efeito esperado, Eu pensei em gatos selvagens de repente - tigres num rio, depois em leoas lindas em grupos de seis, sete, não lembro bem, pensei em feras escuras nas matas, pensei no vermelho sobre o dente deles, na presa deles, pensei em unha sobre carne pulsante, nos pelo eriçando, no chão seco - por um instante observei um dos animais vi em nossa direção, a leoa chega da cor de capim seco, amarelada, perto de nos olhando sem espanto, ela vem decidida e grande vem para cravar os dentes e crava na minha coxa com sobressalto e você só vê, só repara, ainda faz uma careta de nojo quando o sangue vivo desce, só, eu aparo um pouco e toco no teu rosto, você corre. Eu acaricio a cabeça enorme do animal, toco no seu pescoço com a mão, tento me esticar pra sentir seu ventre, mas sinto só sua respiração forte, ela faz força e me derruba, me suja de areia fina e não liga se grito de dor, ela me devorara. Eu saio de lá outro, finalmente outro, aceitando, mas em casa vem a todo o corpo a absolvição do licor ocre, é ainda parado antes de sair do carro com a minha testa encostada no volante olhando pro breu que mais uma vez sozinho choro e toco nas feridas, porque eu sinto amor, desejo que o gato Miqueias pule e entre pela janela e encoste sua cabeça peluda e sua calda movente em meu vente e lamba as lagrimas do meu queixo e durma no meu colo, desejo que quando Eu entre tenha uma grande festa babilônica onde toquem blues na sala, que algumas mulheres lindas subam na mesa, me ergo dentro do quarto vejo a cama me chamar de "meu bem, vem dormir," mas eu não posso, se não morro, ainda é recente. Ainda é frescor o vermelho, a incisão. ainda
Durante esse período, por varias vezes escutei a frase eu te amo, assim bem brega, assim bem simples e fácil, porque por varias vezes por algum motivo eu acreditei como eram adocicados os ecos que saiam de ti ao meu lado, me estremecendo sem excessivos gastos de energia, de algum silencio que era quieto e inquebrável, por minutos, tempo esse foi uma porta pra minha alma.

Salmão e rosa, chinelos brancos, óculos de sol. Atrás de nós uma montanha de areia da praia, um jangada colorida, outras a nossa frente igualmente coloridas, um sol forte e as palavras finalmente oficializando o que já ameaçava acontecer.


Eu sujei com gosto os dedos dos pés na areia branca enquanto havia na boca de ambos o sabor esquecido, uma suavidade vivida e uma diluição do tempo que edificou o prédio cujas colunas terminavam de se desintegrar ao solo, havia um barulho do som de um vento passeante, algumas aves me distraiam, você estava a minha direita e eu pra não mostrar meu rosto entregue a calamidade olhava pra esquerda, eu que não tive coragem de fitar sua rostidade desregrada e imune aos apelos inertes e latentes que expurgavam devagar a si mesmo do momento difícil, salvando o sempre nariz empinado, a sempre voz coerente e olhar inquisidor. 

De repente se tornara um mestre prestes a se perder na própria concatenação fausta e na movimentação de suas mãos delatoras, eu, sempre eu novamente tentava viver aquele apertado momento  pulsando quente e desvirtuando a linha tênue, uma sombrinha que escapou da mão, a corda bambeou com os paços e ficaram o desenho aquilino dos cílios, o compasso dos quadris, a força brutal da voz quase inaudível, o contato.

quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

Por um momento de sonho desenhei, cortei e costurei nossas fantasias, fomos ao mercado com felicidade no peito, suores desciam em meio ao sol e ao tempo abafado, fomos escolher os tecidos, as cores, texturas que ao fim caíram como uma lágrima hoje sobre mim; vendo-as as roupas prontas sem ter pra onde usar.  Mas uso sozinho no quarto, de frente pra mim no espelho, a festa não aconteceu, alias prestes a acontecer você desistiu, desceu correndo as escadarias e ao relento vendo se findar sua silhueta persisti quando não mais há o que fazer. Ficarei com a docilidade. Ficarei e faço questão.

Vários corpos desconhecidos se remexiam entre nós. Algo havia acontecido e não me fora dito uma palavra de aviso. Teu aviso foi um silêncio grotesco e uma fuga inevitável frente à confusão desordenada de tua mente curvilínea.

Minha salvação foi teu irmão compassivo que percebendo tua movimentação atroz me fez companhia em frente à peregrinação numa quadra fechada de desconhecidos.

Não reconheci sua face que se desfigurava pelo escárnio em desprezar quem te prezava ou quem melhor te queria - uma soma, uma regra da vida incumbida de novamente chegar à confirmação de uma humanidade perplexa com sua avidez complexa, convexa, deformada. Sem abrir a boca e sem mover um músculo o seu corpo fulminou certeiro o meu, como se uma caldeira de lava me cobrisse por inteiro.

Tentei tanto, mais tanto ver alguma luz, alguma fresta, greta que deixasse alguma luz ao fim do túnel vim a tona, mas nada veio, a não ser a desfiguração de uma silhueta que um dia vi ponderada imaginando sempiterna, tentei com todas as minhas forças forçar ainda a abertura, mas foi em vão.

Me resta ir. Ir, ir, ir, ri, ri, ri bem alto.


Daft Punk Funck

Nós vamos descer hoje, imagine meu bem que é Madagascar, eu te banharei nas águas daquele rio, chegaremos à tardinha quando mais exigirei do céu, nadaremos na lagoa bem perto do mar e sentados, deitados, nus recentes do arrepio que foi o toque olharemos o céu, olharemos as nuvens clareando a frente do sol, olharemos um ao outro e falarei ao teu ouvido baixinho os segredos do coração, do coração que se passa e que ouvi ao longo desses anos trancafiado ouvido sons dos discos de rock, dos livros escritos no século dezoito, da corrente constante de uma transcendência nas minhas veias que se fecham aos poucos quando mais com o passar do tempo haja o costume da vida que me foi entregue e que cuido.

Você disse que me amava. Naquele momento e em vários outros em profundo silêncio e apenas com a conexão do retumbante peito, próximos, bem próximos escutamos cânticos, ondulações de alguma seda oriental pelos lugar que suaviza; quer fosse ao ar livre ou quer fosse em algum quarto, sala, banco de praça éramos o número impar da soma.

A varanda - a varanda do chalé sempre me lembrarão a nudez e a entrega. Surpreendido com a sua vida aparentemente calma no meio da noite excitada com a luz fraca e branca que vinha de nós pro mundo, em silêncio explodíamos de graça para aquele vento frio. Madrugada passando devagar. Juventude que avançava contra maré de um mar salgueiro. Não estávamos errados. Amar é certo. 

Mas. 

Como poderíamos adivinhar que dias depois, semanas depois seriamos abertos vivos e de meu peito eu mesmo para não morrer terei de violentar-me e arrancar algo lindo&límpido que com cuidado até poucas horas cuidava com minha própria vida. Eu morreria por essa causa. O ninho fora feito com esmero, o ovo fora aquecido, alimentado, fora fecundo por ambos, lembra A.? Já esta crescido aqui, prestes a ver e ouvir e se estender de uma forma que nunca puder saber antes. O que é? É uma força luna, uma ponte com um elo maleável, é uma luz que se curva de contentamento.  

Mas, mais uma vez a ruína. A destruição da perduração. Terei de anulá-lo por completo para que eu em meu invólucro material não morra, logo é com violência que sai. Há outra forma? Que tal pegar uma faca afiada na cozinha ligar o som ouvindo Daft Punk fuck e abir o esterno sem dó?

As Horas do pulso que desenham minha face esperando um sorriso seu pela janela do quarto, uma voz, um toque do celular ou ato de agradecimento, oferecimento de flores, algum lindo girassol em meio ao campo, na calçada torpe sentados algumas lagrimas banharam o chão seco, no carro com o ar em nível glacial apenas houve o desencaixe do sol que me apertou contra o muro, algo se esconde, quanta correria. Boneco de cera é o que diz a letra da musica, que derretidos no incêndio se transcendem e chegam ao amor que na matéria era platônico. Você não me acompanhou, eu dei passos curtos, tive dedos para não apertar sua cintura nem morder com força seus lábios


, eu que tive que fazer arabescos sobre o lençol branco, deitamos na cama grande de meus pais que viajavam, a cama deles sempre me lembrará o único momento de abundancia e provisão de uma vida colorida, por onde ascendi incenso de Bali evaporando por todo o corpo, os poros que eram janelas de um ducto flamejando sonoridade, vida enternecida e ácida pela sua boca cerrada após um tempo que não se contou, um silêncio de estatua nua, esfinge, paisagem milenar do que foi um dia. Um cubo de gelo que se derretia passeando pelo meu corpo. Um sopro de vida que enleou-me de vitalidade e se foi. Um sumo destinado a vim sobre meu ventre em onda oceânica e voltar para o fundo do mar com os monstros das profundezas.  

domingo, 9 de fevereiro de 2014




por que disse que me amava boy, irresponsável, vou embora agora, é pesado pra mim, estou cansado, é na verdade desleal, não vejo o horizonte mais, alias vejo, nunca vou deixar de ver, nunca, faz parte de meu interior, apenas mais uma vezes estou sendo entregue ao deserto, pressinto, pressinto e isso é tão desesperador.  Não faz muito tempo, eu acreditei, burro eu fui. Por onde você anda boy? Pra onde você vai? é que quero lhe ter ainda por perto, observar se está bem. Para além da razão vou torcendo que esteja bem.  Eu acreditei, meu Deus como é eu acreditei nas tuas palavras, lançadas assim, sem pretensões. você citou a aliança e eu acreditei. Me chamou pra morarmos juntos. E eu acreditei. Por que boy? O que aconteceu com teu coração. Aos poucos foi dando lugar a pedras, o castanho do teu olhar lindíssimo foi se tornando pétreo e oblíquo. Algo de errado. De muito errado. Sinto que blasfemou. Por um momento, não, por vários momentos tenho alguma pena de ti. É reciproco, porque interpreto seu olhar me vendo te olhando com amor. Me distrai a saudade, as fotos do celular que não serão apagadas, na memória, dentro de mim. Me distrai a bateria e o violão que toca na radio. Por que boy, por que? O tempo não errou boy, nós erramos. Algo me diz que há mais, bem mais, me acompanhe. Entreguemos nossas mãos. Quero ser feliz. Minha mente é tranquila, minha palavra é real, eu sou real, é o que compraz. Boy te odeio. Oh boy, palavras boy, palavras