sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

quando teus dedos tocam com cadencia os órgãos do meu corpo,
há na pele tão grande e maior deles impressa as digitais nuas, certas, em labirinto
que a pele recebe em frenesi por cada toque suave de som, 
retumbante rememora os pretéritos encontros dos rostos
ao ouvido a frequência de um sussurro, enriquecido de tonalidades 
que poderiam ser pintadas a mão de artista, um quadro real de Frida, 
esboço, Picasso, Da Vinci
ao pescoço leves movimentos cíclicos,
ao peito o calor deslizando até a margem dos pés
que por pouco se entrelaçam a pernas de tenacidade
ao ventre de montanha, gomos de relevo sinto acalento de magma
mãos sobre mãos que se erguem aos céus demonstram comprazimento
dedos sobre dedos que pudessem tocam Vivaldi a grande distancia
inverno, outono alegro, verão adagio, presto
assim, bem assim sinto
ao pé do ouvido com vista que repara e devora a rima

  

domingo, 22 de dezembro de 2013

é que se houver almas sobre nós, movendo esses involucro crus de carbono prestes a se estilhaçar no morfo sobre as ruas, calçadas, parques, SIM, se houver almas e na feitura delas algumas dessas almas forem e tiverem (quem sabe sorte, quem sabe destino carregado de gana) sido feitas gêmeas, gostaria que fosse você minha alma gêmea e a minha a sua, gostaria que elas reparassem algum vazio que ficou das estações antes do encontro, que fossem ambas mutuas nos sorrisos e no verão percebessem e agradecessem bem pelo alaranjado diário, cúmplices e entregues ao papel dessa época indeterminada - que elas reparassem tempos perdidos, dores antigas, futuras, dormências, carências, dizeres de desalento, reparasse como o sol todos os dias faz com a terra, como a raiz que recebe adubo, folhas verdes límpidas de energia, frutos, laranjas e flores pro mel, um encanto delicado, um movimento despretensioso, cíclico, de tão primitivo diria diáfano se não fosse tão palpavel

quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

mesmo não estando em físico, 
estou em mente e coração. Eu, tu, o mar.
disse que a trilha sonora era da banda legião urbana,
mas não precisava de musica se as ondas já pungiam
era tardinhar com o sol se pondo quando pude ver e sentir a luz laranja vinda em nossa direção 
elas todas acertaram em cheio tudo que olhávamos - as luzinhas vinham dizer ao céu escurecendo, mas ainda azulado, ao mar se remexendo sobre a areia da praia, mas ainda calmante, calmante para o dia de luta corpo a corpo, podo-se ao fim, ao fim de uma noite quente do trópico, repito dizer aquilo que me inspira
o rio, o mar, eu, você

e então depois

desemboco meu corpo suado  
me derramo em seu ventre deitado
de baia, de recifes, de vida marinha 
me misturo aos seres aquáticos
provindos dos seus instintos íntimos
me molho de água salgada
beber da fonte dos desejos
dos sonhos, dos segredos, dos santos
.
ao mar que acalma
os raios dos nervos
do meu corpo liquido
quero mandar um beijo
banhar-se dele sempre
amolece sublevações
inundar-se dele traz
a paz de espírito da infância
ao mar que banha e inunda
que modela o magma de vulcões
que alimenta e entorpece
que rasga pedras de potencia
que quebra intenções aduncas
que me ver diariamente no delta
que sente o sabor doce dos rios
estou a nadar de corpo e alma em vós

domingo, 15 de dezembro de 2013

depois de todo esse tempo, 
depois de tudo que já passei 
ainda me sinto como se fosse da primeira vez, 
ainda espero. espero com medo e vontade
ouvir sua voz baixa pelo telefone, 
sem som eloquente, sem esmero, beleza pungente, 
até estridente e grave ao mesmo tempo, 
uma voz que diz coisas normais, 
espero-a sabendo que não arranca de mim centelhas, 
não ascende fogueiras, nenhuma se ascende nem fervura flamejante se eleva, nada, nada, mas espero assim mesmo ainda com medo e vontade. 
a saudade existe. sinto uma falta danada. 
o medo é que ela persista e que você vá embora, quem sabe, logo agora? 
a vontade é que os corpos possam conversar e se entender, 
corpo com corpo sempre dão certo e nossas almas 
quem sabem nossas almas saibam e persistam no entrelaçamento das nuanças, na limpidez do momento que antecede o beijo, 
um aperto, algum abraço, olho no olho, 
sussurro ao pé do ouvido que arrepie os poros dos pelos do braço, 
costas, pernas e pescoço seu e meu gotejando sangue, 
fomentado células e partículas minhas 
que repito - sentem a sua falta.
.
alguém chorou, o que olhava atendo ao cristalino limpindar, também iniciou a sangria, lago azul, escorrendo numa risca ligeira e sinuosa devido as ondulações da face até o queixo, pingando, gota por gota sem que as mãos ocupadas e traçadas em outras pudessem aparar a larva quente provinda dos seios da paixão, quentura, morna quentura das últimas horas derretendo o gelo dos hemisférios da cara, ambos entregue a cidade em parte regelada em parte retalhada, pois como ao cume andino era ela sem dó, ar, pó guardando memorias impressas e esmagadas a custo de andanças e dados soltos do ar no chão, esperas e quando há tenacidade no derramamento de liquido do corpo e se vence os barrocos desdobramentos de obstáculos surgi por fim balsamo, mesmo quando dolorido, na maioria das vezes é

sábado, 14 de dezembro de 2013

era finalzinho de dezembro
quase 365 dias preenchidos de luz
disse olhando pro sol que ia embora

tocar e queimar dele inteiro, desejou ainda sentado, mãos nas mãos, larvas de caldeira que descem suspensa acima dos olhos para o abismo oriental, banhar-se no lago usando as mãos em concha atrairia predadores, o liquido pastoso de calor sem fim no horizonte para esticar a cada segundo a vista amando com potencia a iridescência veloz daquele dia, já o sentimento não ultrapassa a gana que esvai com a corrida das ruas, os tropeços, cadarços soltos, pés e mãos em aperto social, não ultrapassa e por não ultrapassar há languidão em bruma e breu planos nos ares arranhados dos céus, ares e pulmões, milhões, trovões

sol e vento
te sol te
solte
solares
solavancos
la mejor sol
sol los
loS te
loSt and
ost (trilha sonora original)


segunda-feira, 9 de dezembro de 2013


... hoje sou da noite, escreveu no guardanapo, numa placa dizia que já bastava um raio de sol pra afastar várias trevas, na rádio ouvia One Republic, (afastar de seus ouvidos os nãos, dizendo secrets!) de dia o sol fica em silêncio, absurdo não poder lhe encarar, Cego. na rua há rumores, sussurros, grandiloquência incontida,

Olhos abertos e vermelhos,

ossos doloridos e tremendo

ao som do batidão. Ele viu São Francisco de Assis magro passar de jeans azul, lembrou dele, 1973 e James por onde anda. Detroit? Orleans? Chicago? O domingo surgiu ininterrupto depois das doze e as oito da manha com a roupa amassada de todo o movimento da noite, ainda, molhada de suores O afiter ocorreu numa tapiocaria.

Um olhar de arrependimento cruzou a rua, viu pelo vidro transparente, outro de penitência, outros soltos e indecifráveis.

A Tapioca, o bolo indiano, a canela por cima, um café com leite bem quente foram ingeridos devagar.

Movimentos homoafetivos, toques em orelhas, limpeza de boca com o dedo alheio e quase um beijo quando duas bocas quiseram se encontrar. 3 centímetros, 3 centimetros, 3 para o osculo escandalizar mais. Retrocedeu nos 3, quando viu expectativas, torcidas, rostos torcendo inacreditáveis.

queria apenas matar uma fome, de cada vez.

Sono, cansaço, horas dormindo, desperto, nu, sangrento dos toques, guris que te deram as costas, que te espancaram, esbarraram, olharam sem culpa. Mas apenas o som, som, som importou. Mentira. Que seja assim.

Duas da tarde e ainda dá tempo  ir à praia. Domingo foi à barra antipânico, salvador. Domingo surgiu como uma graça divina, obrigado, a água transparente, a piscina azul, a massagem nos pés, até ao olhar castanho que se encheu d’água, outro esverdeando também chorou vendo a lágrimas cortar os hemisférios da face de olho límpido (ao norte uma barba preta e máscula).

Uma lágrima por agradecimento, outra por ver o quanto é lindo derramar líquidos do corpo.

Poderia, sabe que poderia amar aquele homem bom. Traça uma mão na outra e pensa na pasta italiana na boca derretendo depois do vatapá de camarão.

Alguém percebe que ele está sem cueca. A marquinha da sunga realçou do sol. Bronze. Sunga, estampa de caju, reluzende, fogo de caldeira. Doce do pote. 

Mas ali já de noite de novo ele parecia que tinha ido embora. Uma mochila nas costas para ver as cordilheiras, perto de Deus, longe do tudo.

parecia que finalmente realizava um grande sonho quando nada de mais acontecia.

 

sábado, 30 de novembro de 2013

Grandiloquente jactância
Encobrindo hercúleo medo

Medo Persa 
guarda nas laminas d'água
as espadas dos cruzados
louros em sangue escarlate
do tempo, assim como teu rosto
um súplico, um sopro em sumo
                                                          é tu estirão o mediterrâneo breu
                                                            nas costas do Marrocos,
                                                  nas pedras onde guarda as cores
                                                           e atos do teu rosto cumplice 
onde banha o litoral turco, onde
                                                       Sultões tomaram vinho e te olharam
pela tarde depois das batalhas
empunhando e desempunhando
o fio execrável dos punhais
como um pendulo certeiro e mediúnico
bebendo o tempo barbitúrico
de um por do sol escarlate
..
Duas da tarde e nada
Folhas laminares nos ares
Varas e bambus de pé frêmitos
O rosto pra fora da piscina sangue
O rosto como um lago mediterrânico
Em um suplico de absoluto silencio
Um grito guardado, dois, três de me salve
Punhos fechados, pés pernas peito em cãibra
O tigre chega manso e com sede bebe,
Se espreguiça naquele momento
Se suja de areia e lambe uma das patas
Se uma vida lhe fosse oferecida
Sacrifício, jorro de sangue
Para se chegar ao espaço sideral
.
São 14h34min, me sinto como se tivesse mergulhado em varas, bambus, folhas laminares cortando meus braços, minhas pernas e pés. A face, a única parte que sobra pra fora da piscina vermelha permanece como um lago mediterrânico espraiando o suplico em absoluto silêncio, com boca fechada, a língua se move, quer gritar mais uma vez e os olhos arregalados observam quando o tigre chega lerdo e deita-se, bebe um pouco do liquido e pegando sol na praia de areia branquinha se deita, se espreguiça despreocupado, poderiamos tocar o espaço sideral, eu poderia servi de alimento pra ele ali, bem perto de mim, morrer na boca de uma besta ferra, dentes cravados na garganta, poderia jorrar uma fonte de sangue, de água, juventude esvaindo-se sem que eu posso esquecer por um minuto se quer com tantos espelhos ao redor.
carta para Florbela Espanca


Ninguém quer um ator ruim
Se veio pro mundo seja bom
Escute: 
finja bem que é feliz
Eles acreditarão
Finja ruim
Eles acreditarão do mesmo jeito
carta para Florbela Espanca

Estou indo mal em minha atuação
Não convenço mais sobre minha
Felicidade

Estou mal como ator
Finjo que estou bem
E ninguém acredita

Ninguém quer saber disso
Fogem disso
Sentem se verem isso


                                                                                        
ela estar na ponta, bem na ponta da língua, mas não cai, palavra, vocábulo, como ela é teimosa, mas tem medo de morrer, que angustia doida ela sente, que medo de altura, disse para si mesma. o músculo na boca balançou, dançou, lambeu e nada. em vão, continuou em equilíbrio, sentiu junto com as papilas o doce, o azedo, o salgado. e depois, bem tranquila reparou e respirou. viu que era preciso finalmente ir, ir, ir. se jogou em pleno breu e no papel desenhou-se em tinta preta. lá se envaideceu nos espelhos de iris de alguém, reparou que era bom receber tantos olhares, calor de mãos, luzes de vela, de lâmpadas, nova fonte, sempre era extraída por alguém, viajou continentes, seguia rumos diversos para outras pontas de línguas, em novos pulos, papeis, abismos brancos, breus.
fonte das palavras
a vida cai da língua
num abismo chamado papel

terça-feira, 5 de novembro de 2013

N maiúsculo

a tragedia do dia é o não do mundo
o não que o mundo te dá doi,
assim também como ultrapassa-lo 
momentaneamente
porque logo logo lhe será tirado 
o algo completamente perecível, apodrecível,
 logo morrerá, mortal, 
logo a tragedia da vida se repetirá
sempre irremediável, 
um afiado bisturi que passará
na face dirá não, 
uma prego que atravessou a palma, dirá não
um chicote amassando carnes
uma esfera metálica ultrapassando carnes
a instabilidade do plutônios
a poeira das estrelas
o sol em demasia,
uma mão, a do tempo
dirá não
aceite
açoite
aço
asco
osso
oco  
uma carta com letra esquálida
uma porta de madeira
um abismo ácido 
a piscina seca e sete andares do térreo
uma caixa de rivotril não resolve
capsulas de prozac muito menos
copos com uísque e gelo
 não fará a boca dizer
não dirá nada
nada
não


quarta-feira, 30 de outubro de 2013

in


nunca vira tanto o azul do céu ao amanhecer,
 porque fitava com demasia e amplidão,
obtia o azul que se amarelava com esmero
como se estivesse em alguma zona lunar,
promovida mudança de vista se dava por alguma estrela escaldante
escaldando o azul do céu, do oxigênio nu despido do toque
remexendo dentro de balões sobre a piscina também azul
 coloidal ele via a vida,
ele via como se a águia em guisa visse roedores em meio de palhas,
como se enrugando a provisão fibrilante dos segundos,
do relógio do pulso fraco de alguém dormindo sobre o efeito do álcool,
oleante do vento,
via, via sem demorar tanto mesmo que o olho fite até de esguelha
a fila de cores se estender com o ângulo parabólico do sol em fim de dia,
mesmo que a certeza logo após, e por isso mesmo,
seja o in a partícula superior do dia-e-noite,
 estremecendo todo o corpo nu, todo rosto maquiado e
 mãos segurando anéis que se perderão pelo caminho

terça-feira, 29 de outubro de 2013

Festa de Halloween

Com o caos dentro de si. Vai-se as quedas, partido, Cai na limpidez do cristal liquido, Uma piscina que não abarca a dor (Cheia de cloro que acinzenta mais o ocre do horizonte ogro), Na cidade, naquela luz do sol do dia em queda, Simplesmente, do sétimo andar alterando as cores dos ares arranhados, dos pálidos espectadores, das correntes vermelhas sobressaltando a cada toque, Da dor e do odor de suores que são verificados a cada arma endurecida de amargura pujante, Os lírios, ah os lírios e a anis de armadura, Na cabeça loura e recém saída da água, ainda gotejante um grotesco e lindo elmo de palha antigo incapaz de afugentar, assim como os cornos sobre os ombros, os espinhos em calcanhares, as espadas nas duas mãos apontadas pra veias, peles e ossos, Do escudo envoltos de aço mais endurecido sente-o desnecessário ao fim, no chão, com os joelhos doloridos, retinas tocam em cabelos, esvaeceste, E devido se distrair com algum olhar azulado, lilás ou castanho se entrega ao canto de Maia. A batida do coração fazendo-se na canção house music, São sentidas a cada paço dado a frete, a bota de couro carregando poder militar, por cada azul refletido, cada neon passando veloz sobre a lamina cumprida, sobre a empunhadura feroz, a cada mistura e toque por entre o negro de todos os cantos de enxofre, Tomando como se toma o sangue derramado sem a besta do corte brutal. Mataria um touro com aquela espada, sangraria-o sim, o bárbaro que balbucia bêbado, o toureiro da classe C num mundo E de Esperança.

Por fim

Armar
Ar mar
Amar

segunda-feira, 12 de agosto de 2013

Comeria todos os dias o céu do seu olhar
Mas não sou capaz lhe dizer
Demasiado inquieto com a lonjura, distancia
e no ar figura fugidia...

Diante do sol, não o vejo
Ponta de luz
Diante do céu, não o toco
Pedaço do olhar
luar

Finda-se o dia
Fosse o ultimo átimo
A luz que me encandeia

Persite espessa a azulada
Cor do céu em pouco tempo
Tomada as nuvens brancas, sans
Pelo breu

Fosse a distancia fria e um
Caminho o destino desmedido
Descompassado por promessas
Da boca carmim de sangue

Expondo sentir tamanha saudade

E logo, logo nesse instante, átimo
De tempo, crepúsculo a frete,
Com frio na barriga amolecendo o coração
Que bastasse um toque tênue seu para que o sangue
Se transforme em lótus, begônias, cravos, anis,
Deleite e jardim
E sorte seja o instante milésimo antecedendo o beijo,
mãos sobre mãos,
peito sobre peito

Tenho medo de te amar
e depois te ver sumir
sem se importar de novo
apenas livre, leve, pluma
sem olhar para trás
sem peso algum pra carregar
eu não mais resistiria
e quantas vezes mais tenho
que sentir-me esfriar
olhando as fotos do álbum
os cantos dos poros recém fechado
recém expurgo,
exalo o durame da açucena,
cidade
os cheiros da manha
o café, algum som de música
os óculos que esqueceu
o bilhete e as cartas
guardadas numa caixa
aberta sobre pingos
de lagrimas caídas, lagrimas
que dizem chega
agora, bem aqui
quase todos os dias olhando
o mar, tão animal, azul, tão mar
Quando vem? Me pergunta rouco, explosivo
Fico em silencio
Porque estarei na praia
Em pé, de pés molhados
Com o medo animal
Com amor assustado
Leve, livre, pluma


domingo, 16 de junho de 2013

Todas as noites são sempre as mesmas noites
Me divertindo cá na rede a imaginar 
olhando o céu
Uma vida de sonhos
Com ilhas sem gente alguma
Mas com gnomos, fadas, duendes,
Mas
Todos os dias 
são sempre os mesmos dias
Acordo dos sonhos
Sem mais imagens, tempo, contos de fadas,
Me tranco numa sala  de
Frente pro computador
Sem poder imaginar vida paralela nenhuma
Ah, como é necessária a criança ainda presente 
e aguentar as desordens do dia-a-dia


Amo-o todo dia
E ele a seu modo a mim
Como-o como ao pão de cada dia
Devorar-lhe fomenta sublimação
Respira-lhe não requer tanto
Agradecer-lhe sim,
Requer um obrigado
a cada pagina que vai
ouvi-lo ecoa
toca-lo arrepia

canta-lo é pura alegria
Mesmo as folhas secas são encurraladas,
Reles paisagem
Mesmo a lagrima ferve e evapora violada
Mesmo o canto alto dilui-se no vento
Não há catedral que perdure
Messmo eu, mesmo eu o quê?

Que falo sobre mim?
Daqueles dois resta densa fumaça
No ar de um lado fogo
Do outro gelo
Mas quando se acende o fogo
Ocorre o desgelo
Basta o toque das duas peles 
pra haver combustão
Basta a fricção 
e risca-se o fosforo
basta noutros momentos 
olho no olho
pra faísca surgi
e o liquido volátil
equanime 
diluir tanta densa vontade
provindo da pouca idade 
e da muita aspiração









em 16.junho.2013 para Y 

quinta-feira, 13 de junho de 2013

Não adianta meu bem tocar no teu peito
Com meu canto de silêncio
Pois cantando os detalhes que sei secreto
Clandestino, sei
No fim não daria Nada nem Rima.

Cores de pele com rangeres de cama,
Ameacei começar, mas impossível, pois
Mesmo os teus olhos, esferas azuis
Que me anilaram no breu, dois céus de voou e de queda,
Que cheiram a baunilha
Também não transpassaria
Pela tênue ondulação do canto...

Ah, como há brancura glacial de pele vampírica em vos
E como tremo tocando-a lisa, molhada, ferormônica
Entorpecendo meus pensamentos e pulmões.

De tua boca úmida, grossa, grande devoro como ao doce da anis
Mas, preciso pausar agora e dizer que ainda não me enlouqueces,

Quero dizer: acho estranho, estranho ser ao teu lado são
Não me tiras os pés do chão
Tão cientes que fomos de nosso papel

quinta-feira, 6 de junho de 2013

acordo e durmo com seus olhos, perambulo, sento, deito com seus olhos, lindos e redondos, apertados e palpitantes, me ergo e eles se erguem, agacho e eles descem, rodopio, rodopio, corro e canso, sôfrego, suado, quenturas e fito seus olhos marejados num canto, firmes, dizendo algo, algo, algo, que digo ainda não quero saber por favor, ainda não, me basta estar apenas com seus olhos
Ainda não posso poetizar sobre amor / Ainda há secura / Amargura / Languidez / Ainda há eu e eu / Comigo / Sem espaço pros súbitos arrepios / Provindo da voz / Do canto / Do violão seu / Da letra enviada / Pela manha / Basta / Por enquanto / A surpresa
me fortaleço e me seguro pra não acreditar na vida, consigo como ninguém ver o que não existe nela, se soltar as rédias da vontade um grande estrago, eu pulo no abismo, vejo piscina azulada e quente, a fibrila molhada no lugar do frio buraco; um convite que resisto inseguro, eu sei e quero, seu sei e ameaço alguns passo avante, até retroceder, eu sei e ouço o canto de sereia, eu sei e me refaço, eu sei e como sei do que me espera lá, mas eu quero e digo não.

quarta-feira, 5 de junho de 2013

havia movimento em suas mãos, nos seus dedos pássaros voavam cortantes, cabeças baixavam medrosas, a cada toque dos seus dedos no colo meu magia se fazia e animais artrópodes moviam-se assustados da caverna escura que era invólucro do coração, louco, louco de tanto esperar a vida que se languiu, o pé que fixou, a brancura dos fios, duras junções, espinal vergada do peso, dos medos, do tempo
a noite chegou, o som dos morcegos veio, das asas pretas em impulso quente, peludas, não fez-se silêncio, porque também o breu intocável fibrila nas frestas das pedras e o som do horizonte em raio e trovão sacodem quem anda e pressente molhar cabelos descoloridos, a chuva dos céus para peregrinos rumo a salvação que a noite ganham balsamo dos mesmos céus, o pensamento para purificar, pois enxergar a si mesmo diante do espelho cruel das iris alheias requer densa maquiagem, é diante do caos e da vergonha do outro, diante do vindouro que se para a beira do rio, sentando, molhando os pés, a cima a cúpula fatídica esverdeada, no meio caem algumas folhas ziguezagueando lerdas-amarelas, tortas e tontas, desprendendo-se dos galhos, deixando o cume, prontas pro fungo.

domingo, 19 de maio de 2013

Não farei mais perguntas que entope, juro, não mais dúvidas que respondem stop, não mais palrarias em mesas de bares etílicas, não mais quereres, carências, mendigações bestas aos bestas, a feras que feri cravando o punhal, dolorido ardil, golpe das indagações, mas já chega, chega de tanto falatório, e tanta explicação, não mais quero saber, não mesmo, juro que não quero saber sobre se isso acontece e como acontece e por que acontece, porque eu decidi perder a curiosidade, agoniar-se nunca mais, porque perder-se no sobre, no como e nos porquês e nunca mais se achar soa nobre, achar-se para quê? se se perder desobstrui.
Por anda o sol? No horizonte cinza nuvens os pingos de chuva veem, ouço dentro do quarto sobre a telha os impactos, desmanche. Dentro do quarto os sinto como um batismo, como uma ode em voz de Iansã, deificados de frieza e adultério, decai vil, decaem nus. Ninguém os poderá proibir. Cair, cair sobre as cabeças, sobre as calçadas de poeira e pegadas peregrinas, sobre, sob, à sombra das nuvens, sem deixar que escapem do sobressalto, do ímpeto e não mais aguenta, cair se faz, se é a lei, que sol dá resquícios de luz, dá sinais de vida, de que voltara.

domingo, 5 de maio de 2013

“mostre-me como é a vida extra, aquém e além Terra.”

As horas que antecedem o momento são pingos de paz mudos e lerdos caindo pro ralo cujo ato poderia ser brilhante e incandescente, mas cego zumbindo em hipnose correm de frente ao fogo que se esvai lentamente nas vinte e quatro horas profundas dos dias mesmo em verão frias de luz, frias que são minhas mãos narcóticas sem toques de dor, torpecidas de nabucodonosor, que poderia ser o rei, que poderia ser em Babilônia o gargalo aberto, copos, taças cheias de movimentos e vermelhidão negrejando pela pouca luz, luz de tocha, luz da luz, luz da lua e de pirilampos antiquíssimos, estrelas ancestrais, primevas, pois o rostos e a boca abertos a cada gole, beijo molhando o pensamento com as veias nos músculos caídos, no rosto virado pro céu fazia movimentos com os braços e dedos pra luzes com iridescências se fazerem a cada esvoaçar de vento que batia, de poros e poeiras esbarradas no ar, ganhando sublimações e vivacidades em pleno breu, em pleno estômago vazio, o soco seco saindo cosmopolita achava a gordura abdominal impotente e mole. As horas eram um milagre perpetuo pras ideias auto-aniquiladoras que vem e vai, pêndulo, relógio. A força vem, a certeza vem, a poesia que se findaria por um sussurro se cristaliza límpida, tênue, lótus no meio do quarto desarrumado, gavetas e janelas fechadas, com luz das gretas e barulho de sirene vem, cheiro de escapamento, desejo de sorvete vem. Vem a frase “tire-me daqui,” vem o “quero pular,” vem o “mostre-me como é a vida extra, aquém e além Terra.”

domingo, 28 de abril de 2013

luz crusta e aderente

Não importa mais que se lembrem dos risos, dos abraços sinceros de que já tenho saudade. Não importa mais. Não importa mais o sol em fim de tarde se fundindo fugido na linha do horizonte. Não mais importa o som da tua fala pela manha. Não importa os desejos e muito menos ainda essa casa e bens inúteis. Não me importa o peito sangrando, nem aos olhos marejados em dor, nem as mãos duras de frio. Não me importa o tempo que perdi, porque quis me perder. Não importa se há aquém ou além, quanta energia gasta à toa. Nem a mim Não mais importa. Como as figuras bucólicas nas ruas, como as silhuetas de esguelha, as bocas barrocas; de frente há luz crusta e aderente, há configurações de símbolos nos cortes, sangue e estátuas nuas em nuanças no céu, matizes, pássaros e tatuagens formes de hieróglifos me dizem mais.

quarta-feira, 24 de abril de 2013

cinza austero

vejo os primeiro raios de sol no leste, o céu vai ficando azulado, no oeste ainda negrejante, mas como está chovendo quase não se distingui as cores, logo olho e tudo está cinza austero, de um plúmbeo metálico, severo, meu coração nem se alegra nem langui, apenas olha, olho como ao café plácido e calmo sumindo na boca, fazendo parte, cumprindo o papel, ator que fora me tirando resquícios de sono, eu sou jovem, muito alias, mas com habitos de gente que vivia num mundo bem distante do passado, essa coisa de dormir e acordar cedo, que regozijo, mas é o que me dá prazer, há mais frescor, o frescor vem sempre junto com as manhas, é preciso está lá pra recebê-lo

Vejo os primeiros raios de sol no leste

as cinco da manha enquanto o mundo descansa vim te dizer coisas no ouvido, te tocar, tocar em sua cintura e te trazer a canção, aquela que te contei outro dia... as cinco da manha enquanto lá fora ouço a chuva caindo das telhas e sinto o frio da rua, em mim te sinto mais quente, é longura de dias que nos rodeia, é ponteiro parado, tempo que não vai e sempre as cinco da manha que me vem a mente a razão fria e plácida de se fazer café quente e doce, escutá-lo chiar da chaleira, grito, grito, tomá-lo com biscoito, salgadinho, e concatenar, olhando-o se esgotar de mim em mim, fica a xícara, os fios cintilantes aos de matéria bruta pra se formar a toalha onde se comerá do bestial e da glória, de onde se descansará das quedas e das pestes, excessos, tentações do espírito... ah, as cinco da manha acordo, desperto estou pronto pra luta corporal que nunca veio hercúlea, porque de substancia lisa sou feito, escapulo do perigo, escapulo covarde e feliz.

terça-feira, 23 de abril de 2013

print

o corpo suado arrasta a noite rolando na cama molhada, desde cedo respira sofrego e profundo, três dias sem dormir. Insone insonia. Já são onze do dia e o sol a pino reto incide, na boca ainda o gosto de azedo, tinha certeza que havia fumado, porque bêbado era entregue, contentando-se com, com mentiras, desejos atendidos, esquecimentos, e não sentia a mudança na atmosfera etílica e nociva se espraiando, mas ao invés disso anda na nocticloração com movimentos de viço e vigor, de dança. Há luz, há, e há nomeas, ideias, insights.

domingo, 21 de abril de 2013

sentindo eternal uma gota se quer de ressentimentos

Pressinto, não deixará de ser insuportável o mundo e não deixarei o insuportável cedo. O mundo que me deixa, o mundo sentindo eternal uma gota se quer de ressentimentos. “Abram as portas,” escuto gritos, “abram as portas e janelas que é a felicidade chegando.” Mentira! No mundo corro, escapo e sempre estou apanhando. No mundo fujo, salto, caio, mas apanhado fixo, nu, desmedido desço a lama. E não me deixará ir, pressinto. Eu que também não quero partir. Partir seria insignificante, o mérito se dá em ficar. Respirá-lo, ao ar torpe, vivê-lo, o breve, senti-lo, em praças, ruas, gretas e guetos como se fossem a última e profunda agulhada, são as ações não indispensáveis das horas, mas quando vim sabê-lo retilíneo, flutuando em corrente, rio de calmarias, voo de papagaios, perigos na escuridão, escondidas, famintas, poderia dizer: se torna inerente.

sábado, 20 de abril de 2013

somente por enxergá-lo o chamara mais cedo

Ele sentiu na boca gosto de ácidos provindos de uma gripe que alterara seu paladar, a cor amarela da noitinha chegando com o por do sol à frente se fazendo não iluminou o escondido na recamara, que acabava de receber a mensagem dizendo: aparece! Foi ao encontro com o príncipe, era assim que o chamava, romântico, incompreendido e cruel o príncipe o achava bobo, brega por lhe chamar assim, mas foi por fitar o rosto do bobo que tinha reparado nos tons azuis, verdes, amarelos incrustado em dores e cintilações dobráveis dos músculos, mutáveis, se volatizando na iridescência e era a iridescência do espector da visão súbita que o príncipe tinha incompreendido, mas prazerosa aos olhos do príncipe e por isso somente por enxergá-lo o chamara mais cedo para lhe ter agora depois da meia noite. O príncipe falava e olhava, olhava ao seu lado e via que dos olhos do outro saiam entrega e fervor, que as luzes do rosto alimentava de gloria, pequena, mas gloria e o agradecia no intimo por ele estar lá, sua relação era hostil, inóspita, prestes a se estilhaçar, mas era quando encostados generosa a ambos, ao bobo e ao príncipe, e o príncipe que percebia sem entender vivia aquilo se incomodado com o silêncio do bobo, queria a todo custo entender e sabia que era conversando que se daria a resposta, mas o outro era introspectivo demais e além do mais não tinha o que falar, nem se quer sabia das luzes, do azul e da iridescência. O príncipe era paciente, o bobo era romântico, o príncipe esquecia com facilidade a agonia do segredo. O príncipe se acostumara a nunca sabê-lo. E assim um dia um deixou de ser pro outro, assim como um pássaro pequeno que cresce e cria penas e que vos cuidara um dia aos poucos deixa de retornar completamente a casa que lhe fora lar.

quarta-feira, 17 de abril de 2013

ter influência

Torna-se limpo e azular-se no céu da tua boca sem nuvens de gozo. Anilar o coração é polir de quentura a violácea do aço maduro, prestes a cair do galho, prestes a invaginar-se e encanecer de translucidez as provas da minha irregularidade e cortar as flores brancas do pecado viola/dor, mas não purifica. Mundificar seria o mesmo que se jogar de um abismo. Espera-se de novo que se trate de mais uma crise mundial, coletiva e da individualidade longeva, ver-se o vazamento do liquido triste sempre. O preto clareia alto sem nuvens. Negrejante em meio à corja surja suja, assim, na espera de se curar em alguns dias, me receito chá, poesia, café as cinco da manha.

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É quarta feira e quinta não pode esquecer de marcar a consulta. Se acontecer, possivelmente vai, mas se não acontecer um dia não escapará da presença, o santo o procura.

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Tocar nos cabelos gordurosos o deixava preguiçoso, o som do hotel era de silêncio, embora pela grandiosa luz da manha que invadia a brancura das faces mastigando frutas bastasse mesmo quando os olhos não mais aguentavam mais sublimações e iridescências e quando logo a frente coqueiros, azul do céu e quentura pra todos os lados diziam “olá”, era essa a imagem que vinha a mente do fustigado de tédio e falta e do sem, por que será incompleta exatamente porque há algo mais infinito que o sem e deificado como a falta? responda. Para mim um corpo de carbono sem e falta é latência que precisa de liquido e substância viril.

segunda-feira, 15 de abril de 2013

print dark

A dor fora do outro, do terceiro que lá esteve coadjuvante, apenas o balseiro do rio, o rio que não veio. Os olhos eram vítreos e parados, a fixidez se deu no silêncio e deixou que o ouvido fosse usado pra mensagem indizível, a tontura veio lerda e despretensiosa, e quando quis sufocado despertar, viu-se preso ao maneio dos sons da voz rouca e espanhola. Houve humanidade, mas não havia matéria. Não houve deificações no espaço e a presença medrosa era respeitada.

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Havia fumaça. Mas não havia cheiro. Havia penumbra e focos de sol, as palavras eram retumbantes e ecoadas como se numa catedral. Haviam homens e santos num canto. Havia a dúvida e a pergunta guardada, porque amostram eram a obliteração nos olhos. Havia grande fome de glória, mas restava a besta fera com cheiro de baunilha oferecendo lírios e anis.

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O pano limpo se visto de longe da camisa de botão resplandecia quando as pernas passavam fortes pro encontro ao meio do quarto, um banco de madeira e couro de cabrito servindo pro descanso do velho que na cabeça o cabelo branco era como se visto de longe o pano da camisa - reluzente e se pudesse escutar fremido quando o pente dobrava os fios minutos antes do encontro.

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Hoje Guilhermo despertou pensando em alguma coisa santa. Caminhando pro banheiro sentiu enquanto urinava todos os pelos do braço se arrepiarem. Voltou pra cama semi-iluminado com um pouco de sol vindo das frestas nas portas e janelas, deitou e sonhou que estava numa enorme recamara com dois homens, um o reconheceu e viu seu rosto, tratava-se de um amigo, o outro nunca o tinha visto antes. O que era conhecido disse ao outro que lhe pareceu introspectivo reclamar-lhe algo, foi então que o introspecto vestindo branco não o escutou, mas distante olhou Guilhermo e falou coisas sobre ele se aproximando, depois o chamou pra perto e falou numa língua desconhecida em seu ouvido, Guilhermo ficou tonto e decidiu despertar, mas não conseguiu, ficou preso ao som que depois ao poucos percebeu era espanhol.