sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

quando teus dedos tocam com cadencia os órgãos do meu corpo,
há na pele tão grande e maior deles impressa as digitais nuas, certas, em labirinto
que a pele recebe em frenesi por cada toque suave de som, 
retumbante rememora os pretéritos encontros dos rostos
ao ouvido a frequência de um sussurro, enriquecido de tonalidades 
que poderiam ser pintadas a mão de artista, um quadro real de Frida, 
esboço, Picasso, Da Vinci
ao pescoço leves movimentos cíclicos,
ao peito o calor deslizando até a margem dos pés
que por pouco se entrelaçam a pernas de tenacidade
ao ventre de montanha, gomos de relevo sinto acalento de magma
mãos sobre mãos que se erguem aos céus demonstram comprazimento
dedos sobre dedos que pudessem tocam Vivaldi a grande distancia
inverno, outono alegro, verão adagio, presto
assim, bem assim sinto
ao pé do ouvido com vista que repara e devora a rima

  

domingo, 22 de dezembro de 2013

é que se houver almas sobre nós, movendo esses involucro crus de carbono prestes a se estilhaçar no morfo sobre as ruas, calçadas, parques, SIM, se houver almas e na feitura delas algumas dessas almas forem e tiverem (quem sabe sorte, quem sabe destino carregado de gana) sido feitas gêmeas, gostaria que fosse você minha alma gêmea e a minha a sua, gostaria que elas reparassem algum vazio que ficou das estações antes do encontro, que fossem ambas mutuas nos sorrisos e no verão percebessem e agradecessem bem pelo alaranjado diário, cúmplices e entregues ao papel dessa época indeterminada - que elas reparassem tempos perdidos, dores antigas, futuras, dormências, carências, dizeres de desalento, reparasse como o sol todos os dias faz com a terra, como a raiz que recebe adubo, folhas verdes límpidas de energia, frutos, laranjas e flores pro mel, um encanto delicado, um movimento despretensioso, cíclico, de tão primitivo diria diáfano se não fosse tão palpavel

quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

mesmo não estando em físico, 
estou em mente e coração. Eu, tu, o mar.
disse que a trilha sonora era da banda legião urbana,
mas não precisava de musica se as ondas já pungiam
era tardinhar com o sol se pondo quando pude ver e sentir a luz laranja vinda em nossa direção 
elas todas acertaram em cheio tudo que olhávamos - as luzinhas vinham dizer ao céu escurecendo, mas ainda azulado, ao mar se remexendo sobre a areia da praia, mas ainda calmante, calmante para o dia de luta corpo a corpo, podo-se ao fim, ao fim de uma noite quente do trópico, repito dizer aquilo que me inspira
o rio, o mar, eu, você

e então depois

desemboco meu corpo suado  
me derramo em seu ventre deitado
de baia, de recifes, de vida marinha 
me misturo aos seres aquáticos
provindos dos seus instintos íntimos
me molho de água salgada
beber da fonte dos desejos
dos sonhos, dos segredos, dos santos
.
ao mar que acalma
os raios dos nervos
do meu corpo liquido
quero mandar um beijo
banhar-se dele sempre
amolece sublevações
inundar-se dele traz
a paz de espírito da infância
ao mar que banha e inunda
que modela o magma de vulcões
que alimenta e entorpece
que rasga pedras de potencia
que quebra intenções aduncas
que me ver diariamente no delta
que sente o sabor doce dos rios
estou a nadar de corpo e alma em vós

domingo, 15 de dezembro de 2013

depois de todo esse tempo, 
depois de tudo que já passei 
ainda me sinto como se fosse da primeira vez, 
ainda espero. espero com medo e vontade
ouvir sua voz baixa pelo telefone, 
sem som eloquente, sem esmero, beleza pungente, 
até estridente e grave ao mesmo tempo, 
uma voz que diz coisas normais, 
espero-a sabendo que não arranca de mim centelhas, 
não ascende fogueiras, nenhuma se ascende nem fervura flamejante se eleva, nada, nada, mas espero assim mesmo ainda com medo e vontade. 
a saudade existe. sinto uma falta danada. 
o medo é que ela persista e que você vá embora, quem sabe, logo agora? 
a vontade é que os corpos possam conversar e se entender, 
corpo com corpo sempre dão certo e nossas almas 
quem sabem nossas almas saibam e persistam no entrelaçamento das nuanças, na limpidez do momento que antecede o beijo, 
um aperto, algum abraço, olho no olho, 
sussurro ao pé do ouvido que arrepie os poros dos pelos do braço, 
costas, pernas e pescoço seu e meu gotejando sangue, 
fomentado células e partículas minhas 
que repito - sentem a sua falta.
.
alguém chorou, o que olhava atendo ao cristalino limpindar, também iniciou a sangria, lago azul, escorrendo numa risca ligeira e sinuosa devido as ondulações da face até o queixo, pingando, gota por gota sem que as mãos ocupadas e traçadas em outras pudessem aparar a larva quente provinda dos seios da paixão, quentura, morna quentura das últimas horas derretendo o gelo dos hemisférios da cara, ambos entregue a cidade em parte regelada em parte retalhada, pois como ao cume andino era ela sem dó, ar, pó guardando memorias impressas e esmagadas a custo de andanças e dados soltos do ar no chão, esperas e quando há tenacidade no derramamento de liquido do corpo e se vence os barrocos desdobramentos de obstáculos surgi por fim balsamo, mesmo quando dolorido, na maioria das vezes é

sábado, 14 de dezembro de 2013

era finalzinho de dezembro
quase 365 dias preenchidos de luz
disse olhando pro sol que ia embora

tocar e queimar dele inteiro, desejou ainda sentado, mãos nas mãos, larvas de caldeira que descem suspensa acima dos olhos para o abismo oriental, banhar-se no lago usando as mãos em concha atrairia predadores, o liquido pastoso de calor sem fim no horizonte para esticar a cada segundo a vista amando com potencia a iridescência veloz daquele dia, já o sentimento não ultrapassa a gana que esvai com a corrida das ruas, os tropeços, cadarços soltos, pés e mãos em aperto social, não ultrapassa e por não ultrapassar há languidão em bruma e breu planos nos ares arranhados dos céus, ares e pulmões, milhões, trovões

sol e vento
te sol te
solte
solares
solavancos
la mejor sol
sol los
loS te
loSt and
ost (trilha sonora original)


segunda-feira, 9 de dezembro de 2013


... hoje sou da noite, escreveu no guardanapo, numa placa dizia que já bastava um raio de sol pra afastar várias trevas, na rádio ouvia One Republic, (afastar de seus ouvidos os nãos, dizendo secrets!) de dia o sol fica em silêncio, absurdo não poder lhe encarar, Cego. na rua há rumores, sussurros, grandiloquência incontida,

Olhos abertos e vermelhos,

ossos doloridos e tremendo

ao som do batidão. Ele viu São Francisco de Assis magro passar de jeans azul, lembrou dele, 1973 e James por onde anda. Detroit? Orleans? Chicago? O domingo surgiu ininterrupto depois das doze e as oito da manha com a roupa amassada de todo o movimento da noite, ainda, molhada de suores O afiter ocorreu numa tapiocaria.

Um olhar de arrependimento cruzou a rua, viu pelo vidro transparente, outro de penitência, outros soltos e indecifráveis.

A Tapioca, o bolo indiano, a canela por cima, um café com leite bem quente foram ingeridos devagar.

Movimentos homoafetivos, toques em orelhas, limpeza de boca com o dedo alheio e quase um beijo quando duas bocas quiseram se encontrar. 3 centímetros, 3 centimetros, 3 para o osculo escandalizar mais. Retrocedeu nos 3, quando viu expectativas, torcidas, rostos torcendo inacreditáveis.

queria apenas matar uma fome, de cada vez.

Sono, cansaço, horas dormindo, desperto, nu, sangrento dos toques, guris que te deram as costas, que te espancaram, esbarraram, olharam sem culpa. Mas apenas o som, som, som importou. Mentira. Que seja assim.

Duas da tarde e ainda dá tempo  ir à praia. Domingo foi à barra antipânico, salvador. Domingo surgiu como uma graça divina, obrigado, a água transparente, a piscina azul, a massagem nos pés, até ao olhar castanho que se encheu d’água, outro esverdeando também chorou vendo a lágrimas cortar os hemisférios da face de olho límpido (ao norte uma barba preta e máscula).

Uma lágrima por agradecimento, outra por ver o quanto é lindo derramar líquidos do corpo.

Poderia, sabe que poderia amar aquele homem bom. Traça uma mão na outra e pensa na pasta italiana na boca derretendo depois do vatapá de camarão.

Alguém percebe que ele está sem cueca. A marquinha da sunga realçou do sol. Bronze. Sunga, estampa de caju, reluzende, fogo de caldeira. Doce do pote. 

Mas ali já de noite de novo ele parecia que tinha ido embora. Uma mochila nas costas para ver as cordilheiras, perto de Deus, longe do tudo.

parecia que finalmente realizava um grande sonho quando nada de mais acontecia.