quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

Daft Punk Funck

Nós vamos descer hoje, imagine meu bem que é Madagascar, eu te banharei nas águas daquele rio, chegaremos à tardinha quando mais exigirei do céu, nadaremos na lagoa bem perto do mar e sentados, deitados, nus recentes do arrepio que foi o toque olharemos o céu, olharemos as nuvens clareando a frente do sol, olharemos um ao outro e falarei ao teu ouvido baixinho os segredos do coração, do coração que se passa e que ouvi ao longo desses anos trancafiado ouvido sons dos discos de rock, dos livros escritos no século dezoito, da corrente constante de uma transcendência nas minhas veias que se fecham aos poucos quando mais com o passar do tempo haja o costume da vida que me foi entregue e que cuido.

Você disse que me amava. Naquele momento e em vários outros em profundo silêncio e apenas com a conexão do retumbante peito, próximos, bem próximos escutamos cânticos, ondulações de alguma seda oriental pelos lugar que suaviza; quer fosse ao ar livre ou quer fosse em algum quarto, sala, banco de praça éramos o número impar da soma.

A varanda - a varanda do chalé sempre me lembrarão a nudez e a entrega. Surpreendido com a sua vida aparentemente calma no meio da noite excitada com a luz fraca e branca que vinha de nós pro mundo, em silêncio explodíamos de graça para aquele vento frio. Madrugada passando devagar. Juventude que avançava contra maré de um mar salgueiro. Não estávamos errados. Amar é certo. 

Mas. 

Como poderíamos adivinhar que dias depois, semanas depois seriamos abertos vivos e de meu peito eu mesmo para não morrer terei de violentar-me e arrancar algo lindo&límpido que com cuidado até poucas horas cuidava com minha própria vida. Eu morreria por essa causa. O ninho fora feito com esmero, o ovo fora aquecido, alimentado, fora fecundo por ambos, lembra A.? Já esta crescido aqui, prestes a ver e ouvir e se estender de uma forma que nunca puder saber antes. O que é? É uma força luna, uma ponte com um elo maleável, é uma luz que se curva de contentamento.  

Mas, mais uma vez a ruína. A destruição da perduração. Terei de anulá-lo por completo para que eu em meu invólucro material não morra, logo é com violência que sai. Há outra forma? Que tal pegar uma faca afiada na cozinha ligar o som ouvindo Daft Punk fuck e abir o esterno sem dó?

As Horas do pulso que desenham minha face esperando um sorriso seu pela janela do quarto, uma voz, um toque do celular ou ato de agradecimento, oferecimento de flores, algum lindo girassol em meio ao campo, na calçada torpe sentados algumas lagrimas banharam o chão seco, no carro com o ar em nível glacial apenas houve o desencaixe do sol que me apertou contra o muro, algo se esconde, quanta correria. Boneco de cera é o que diz a letra da musica, que derretidos no incêndio se transcendem e chegam ao amor que na matéria era platônico. Você não me acompanhou, eu dei passos curtos, tive dedos para não apertar sua cintura nem morder com força seus lábios


, eu que tive que fazer arabescos sobre o lençol branco, deitamos na cama grande de meus pais que viajavam, a cama deles sempre me lembrará o único momento de abundancia e provisão de uma vida colorida, por onde ascendi incenso de Bali evaporando por todo o corpo, os poros que eram janelas de um ducto flamejando sonoridade, vida enternecida e ácida pela sua boca cerrada após um tempo que não se contou, um silêncio de estatua nua, esfinge, paisagem milenar do que foi um dia. Um cubo de gelo que se derretia passeando pelo meu corpo. Um sopro de vida que enleou-me de vitalidade e se foi. Um sumo destinado a vim sobre meu ventre em onda oceânica e voltar para o fundo do mar com os monstros das profundezas.  

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