sábado, 22 de março de 2014

estava disposto a escrever sobre lindezas que ficam ao redor da mente, estava decidido que novamente falaria inesgotável sobre estrelas nos céus, pores de sol e que a lua deveria ser mais linda vista de alguma ilha na Grécia, de Creta, Ítaca ou Lesbos, os pés dentro da água e a lua de mel a sós estaria lá dentro e bem limitada no horizonte acima da cabeça, na cor metal de um rock dedilho de guitarra, mas leve como os ares mornos dos oceanos ainda azuis para ajudar observar as estrelas ao redor, para que falassem as águas que quebram como uma pata de monstro na areia dos olhos de Deus, sobre como eles são e de como ainda é possível a absorção desse percusso estelar que faço ao amanhecer, desse dia após dia, engolindo o tiquetaquear das pernas com pressa de perder o ônibus, de não chegar a tempo pro rosto escavado que bate numa parede cor branca, dias após dia, a precisão implacável desse instante, olhe para seu pulso perceba e tente se puder parar o ponteiro, trema de medo e de força que fará, momento em que se sente nas pontas dos dedos a febre que recobre todo o corpo, amar no maremoto de duas coxas que se erguem ligeiras pode ser mais eloquente, pode não é mais, e se abrir uma fagulha de interrogação o sopro dos sons de palavras, apenas as jogadas nos ares oceânicos, rock em gemidos na Atenas de 300 a.c, serão as que tira da boca a querença. 
    

segunda-feira, 17 de março de 2014

17 de março de 2014, às 10 horas 53 minutos. Pensamento grácil. É muito bom que a vida te dê presentes gráceis, é muito bom o presente que a vida resolve te dá quando bem entender e você menos espera, quem sabe, ou quando for preciso, quem pode saber ou quando tiver que ser Vai ser de uma forma ou de outra, a pergunta que não quer calar a boca, por que a vida é assim? sim, eventualmente por algum capricho ou por alguma vontade extra terrena, quem sabe, ela resolve te contar algum segredinho dando pirulitos roubados de uma criança no parque, chega infalível e divertida para dá um beijo no rosto e gargalhar como um pequeno segredo num bilhetinho escrito na mão (nunca antes me tinha sido contado), pois quando passo em meio a multidão azedume dos dias de horror é quando recebo da mão de alguém um aperto camarada sabor chocolate ou quando sou exprimido contra superfícies de pele quentinha num abraço enternecido (peito a peito) decidido a mandar embora os desejos da infância a vida me presenteia; quando também abro os olhos logo a noite e vejo pela janelas abertas o toque das pessoas que interliga corações jaspeados por veias e artérias nas praças, ruas e calçadas, é quando acredito um pouco nas estrelas do céu; vejo pessoas lilases brincando com águas vivas sem medo de serem felizes, vejo luzes coloridas ao redor transpassando os namorados de mãos dadas em casas nas cores de recife afiado, andam devagar e com cuidado, vejo também facas usadas pra cortar legumes com sorrisos na boca em vez de sangrar, sangrar mesmo só o sol da tarde indo pro mar e quis se calar um pouquinho diante daquela esbelteza toda e ficar acordado para ver a manha aparecendo de forma condutora elétrica não pelas cores mais iluminadas do dia, mas mais pela janela de alma aberta pro céu azul em buques de rosas para espinhar os dedos, os mesmo dedos dando ordem ao caos, caos, caos que novamente rodeia, mas que agora não quero pensar nisso, porque os recifes de azul afiado e as águas vivas que queima lilases podem tornar o angulo do mundo mais tênue de se viver. 
quando as mãos de jasmim tocam as luzes na água azulam com o simples perfume o mar, o mar que quebra nas areias do coração pegando fogo e na beira da praia o magma endurece de pena, há uma parte própria para o banho inglório, morno e transparente, há uma parte que mata de rir outra de chorar, as pegadas se apegam mais com o fogo das velas dos barquinhos a noite e de manha cedo podem pelo destino novamente se tiverem coragem fazer algo bem doido e sobreviver pra contar. Pular de penhascos, nadar com monstros marinhos, saltar de paraquedas, e pra amortecer o baque lá no fundo do meu peito a dor pega fogo nos olhos enquanto o infinito de folhas verdes encontra o voo livre, eu quis viver para sempre ali sobre o remexo das arvores do céu ou batida da asa azul de algum passarinho no cio ou ainda passear com flores colhidas dentre vidros no horizonte pra presente

sábado, 15 de março de 2014

ouvi a tarde se fechando em pérolas de breu
jogadas do céu com cheiro da terra úmida, lá ia o sol e
lá vinha arterial grande volume d'água queimando gravetos, penas cor mel, gargantas de areia tremendo na voz inconfidente, telefone que não toca;  mudança que se dá na velocidade de uma flecha, maçã de pele vermelha sangue e a gostosa mordida deverá ser ainda por cobiça

quinta-feira, 13 de março de 2014

Se acende escura uma vela de insônia

Bem no meio da sala vã de pernas pro ar

Se joga no chão mesmo bem ali no circulo

Aquilo que não vale um palito de fósforo queimado

E no fim de alguns minutos se nega a clareza viva da matéria estelar

A cera queima lerda na pele chão da casa, escorrega dureza pelas frestas conversadeiras, escorregam ceras liquidas findando o fogo do pavio ou o manto de traços do desenho antigo que ainda estar por vim, manto de sonhos que cobrem de cor borboleta recém saídas do casulo oco, mas ávido e heroico, sobre o rosto incrédulo, mas feliz, estava alimentado e expôs ao azul do céu enjaulado a chave se remexendo pelo sopro de uma criança dentro da fechadura que dizia: dê alimento as mãos com quentura na fria madrugada e dê manhas passarinheiras aos olhos que descem velozmente pelo mar, abra seu peito quântico no esplendor dos sorrisos veludo massageando ouvidos felinos, queira e queime-se do balsamo ao seu redor, invisível aos olhos de ambição, as portas sabem das coisas, escute-as, elas ouvem e vem as pessoas em sua intimidade, a cada batida do coração, cada toque de lagrima na madeira, elas que contam com tamanha mudez a perfeição da flâmula nua escapando de gaiolas ruínas que sempre ficam pra trás, já as janelas mais mexeriqueiras e curiosas são  implacáveis, recebem visitas de passarinhos azul céu e de insetos que procuram o verde, o chão, do vento espiritual e como o pavio curto que até pouco tempo disse, adeus, são rápidas, acompanhe-as. 

terça-feira, 11 de março de 2014



Agora que amo posso ser surpreendido olhando besouros azuis cheirando polens no jardim de begônias, rosas e magnólias lindas na espera delicada de mais um pouso fértil, as jasmins e pimentas se desprendem no ar aromáticas com os  pulos e voos vazantes dos pequenos animais recém morfoseados e sentindo a fumaça de incensos de baunilha do México grudados na roupa já jogada no chão alguns insetos curiosos aproveitam e descansam, pele nua de orquídeas chocando-se a todo instante, braços e pernas, vento nos nervos do nariz, das patas e pétalas e ao longe como uma miragem a copa da mirra na Somália em amargura ferida por homens ousados, ver que a luzinha vermelha do fogo como ingrediente do sol descansando sobre um granito em cima da cômoda no quarto em cinzas de limão, flores de laranja ou cravo-da-índia oleados pudessem tirar do rosto, do meu rosto o espelho ressecado e se desprender da perca de viço que as patchoulis frescas do campo, bem ali onde habita mitigações das dores sorvessem os tóxicos da pele, pois agora que sei amar sem guilhotinas cerceando as pontas sideral dos meus dedos, posso sentir as resinas pontudas de noz-moscada vacilando em uma vela acesa, do fogo de frésia inocente de algum canto sereno, arranjo na mesa da debutante, e nós ao sol visse o raio de olíbano com seu leite ureter em jato descer sobre o peito, abdômen e virilha adocicados.

segunda-feira, 10 de março de 2014

Quis mais viver quando uma folha da copa frondosa cai seca com o peso de mundo sobre as costas. Tudo era tão certo. A folha suave desceu na desordem de uma manada. Todas as coisas estavam no seu devido e estudado lugar por séculos. Havia uma casa, uma rua, um lapso no tempo do relógio do pulso azul latejando que empurravam todo o sangue para uma tarde quentinha - sentado em cadeiras de bambu com os pés descalços olhando o céu também azul, prestes a escurecer, na cozinha um bolo de batata recém saído do forno que não quis comer, ainda sobre a mesa, intocável, perfumado, excitando os narizes desatentos que respiravam sem perceber desconforto, arfado aroma, mas quão egoísta é, porque tão feliz era e tão desesperador era. Queria ir, ir ir. Só via um caminho. Estava prestes a correr, estava ouvido o convite que vinha pelo vento dos hemisférios. Era doce e queria azedo. Era liso, era macio. Pulou e caiu na areia, sentou-se em seguida num balção, bebeu em vários copos logo a noite, respirou em quartos fechados com mais de três, intoxicou-se comendo morfo, lambeu algas verdes no bebedouro, cortou madeiras pra fogueiras, pôs folhas pesada pra queimar

um beijo labareda lambendo os pelos da perna
boca a boca para um salvamento dos encostrados peito a peito
a língua ignição faz faísca de pedras 
um choque de mandíbulas vermelho helicoidal 

por cada pelo queimado, por cada poro aberto exalando suor,
por cada irrigação feroz, por cada tremor de pele terrena
trazia a margem da cama redonda, lagoa, a subida do tom,
ou gemido de um tigre subindo sobre a fêmea tigre no cio

o pelo em chamas de lambidas fogo
salvação diária de um tigre de bengala 20cm
beijo centelha elétrica de um gemido terreno
choque e irrigação do peito a peito

Queria ir montado nele, sobre a pele dele em movimento
sobre o couro macio vivo, não estagnado no chão de granito
arfando ares, imáculos adentrando virgens na selva imbele
sem olhara para traz, sem correr risco de virar sal