domingo, 28 de abril de 2013

luz crusta e aderente

Não importa mais que se lembrem dos risos, dos abraços sinceros de que já tenho saudade. Não importa mais. Não importa mais o sol em fim de tarde se fundindo fugido na linha do horizonte. Não mais importa o som da tua fala pela manha. Não importa os desejos e muito menos ainda essa casa e bens inúteis. Não me importa o peito sangrando, nem aos olhos marejados em dor, nem as mãos duras de frio. Não me importa o tempo que perdi, porque quis me perder. Não importa se há aquém ou além, quanta energia gasta à toa. Nem a mim Não mais importa. Como as figuras bucólicas nas ruas, como as silhuetas de esguelha, as bocas barrocas; de frente há luz crusta e aderente, há configurações de símbolos nos cortes, sangue e estátuas nuas em nuanças no céu, matizes, pássaros e tatuagens formes de hieróglifos me dizem mais.

quarta-feira, 24 de abril de 2013

cinza austero

vejo os primeiro raios de sol no leste, o céu vai ficando azulado, no oeste ainda negrejante, mas como está chovendo quase não se distingui as cores, logo olho e tudo está cinza austero, de um plúmbeo metálico, severo, meu coração nem se alegra nem langui, apenas olha, olho como ao café plácido e calmo sumindo na boca, fazendo parte, cumprindo o papel, ator que fora me tirando resquícios de sono, eu sou jovem, muito alias, mas com habitos de gente que vivia num mundo bem distante do passado, essa coisa de dormir e acordar cedo, que regozijo, mas é o que me dá prazer, há mais frescor, o frescor vem sempre junto com as manhas, é preciso está lá pra recebê-lo

Vejo os primeiros raios de sol no leste

as cinco da manha enquanto o mundo descansa vim te dizer coisas no ouvido, te tocar, tocar em sua cintura e te trazer a canção, aquela que te contei outro dia... as cinco da manha enquanto lá fora ouço a chuva caindo das telhas e sinto o frio da rua, em mim te sinto mais quente, é longura de dias que nos rodeia, é ponteiro parado, tempo que não vai e sempre as cinco da manha que me vem a mente a razão fria e plácida de se fazer café quente e doce, escutá-lo chiar da chaleira, grito, grito, tomá-lo com biscoito, salgadinho, e concatenar, olhando-o se esgotar de mim em mim, fica a xícara, os fios cintilantes aos de matéria bruta pra se formar a toalha onde se comerá do bestial e da glória, de onde se descansará das quedas e das pestes, excessos, tentações do espírito... ah, as cinco da manha acordo, desperto estou pronto pra luta corporal que nunca veio hercúlea, porque de substancia lisa sou feito, escapulo do perigo, escapulo covarde e feliz.

terça-feira, 23 de abril de 2013

print

o corpo suado arrasta a noite rolando na cama molhada, desde cedo respira sofrego e profundo, três dias sem dormir. Insone insonia. Já são onze do dia e o sol a pino reto incide, na boca ainda o gosto de azedo, tinha certeza que havia fumado, porque bêbado era entregue, contentando-se com, com mentiras, desejos atendidos, esquecimentos, e não sentia a mudança na atmosfera etílica e nociva se espraiando, mas ao invés disso anda na nocticloração com movimentos de viço e vigor, de dança. Há luz, há, e há nomeas, ideias, insights.

domingo, 21 de abril de 2013

sentindo eternal uma gota se quer de ressentimentos

Pressinto, não deixará de ser insuportável o mundo e não deixarei o insuportável cedo. O mundo que me deixa, o mundo sentindo eternal uma gota se quer de ressentimentos. “Abram as portas,” escuto gritos, “abram as portas e janelas que é a felicidade chegando.” Mentira! No mundo corro, escapo e sempre estou apanhando. No mundo fujo, salto, caio, mas apanhado fixo, nu, desmedido desço a lama. E não me deixará ir, pressinto. Eu que também não quero partir. Partir seria insignificante, o mérito se dá em ficar. Respirá-lo, ao ar torpe, vivê-lo, o breve, senti-lo, em praças, ruas, gretas e guetos como se fossem a última e profunda agulhada, são as ações não indispensáveis das horas, mas quando vim sabê-lo retilíneo, flutuando em corrente, rio de calmarias, voo de papagaios, perigos na escuridão, escondidas, famintas, poderia dizer: se torna inerente.

sábado, 20 de abril de 2013

somente por enxergá-lo o chamara mais cedo

Ele sentiu na boca gosto de ácidos provindos de uma gripe que alterara seu paladar, a cor amarela da noitinha chegando com o por do sol à frente se fazendo não iluminou o escondido na recamara, que acabava de receber a mensagem dizendo: aparece! Foi ao encontro com o príncipe, era assim que o chamava, romântico, incompreendido e cruel o príncipe o achava bobo, brega por lhe chamar assim, mas foi por fitar o rosto do bobo que tinha reparado nos tons azuis, verdes, amarelos incrustado em dores e cintilações dobráveis dos músculos, mutáveis, se volatizando na iridescência e era a iridescência do espector da visão súbita que o príncipe tinha incompreendido, mas prazerosa aos olhos do príncipe e por isso somente por enxergá-lo o chamara mais cedo para lhe ter agora depois da meia noite. O príncipe falava e olhava, olhava ao seu lado e via que dos olhos do outro saiam entrega e fervor, que as luzes do rosto alimentava de gloria, pequena, mas gloria e o agradecia no intimo por ele estar lá, sua relação era hostil, inóspita, prestes a se estilhaçar, mas era quando encostados generosa a ambos, ao bobo e ao príncipe, e o príncipe que percebia sem entender vivia aquilo se incomodado com o silêncio do bobo, queria a todo custo entender e sabia que era conversando que se daria a resposta, mas o outro era introspectivo demais e além do mais não tinha o que falar, nem se quer sabia das luzes, do azul e da iridescência. O príncipe era paciente, o bobo era romântico, o príncipe esquecia com facilidade a agonia do segredo. O príncipe se acostumara a nunca sabê-lo. E assim um dia um deixou de ser pro outro, assim como um pássaro pequeno que cresce e cria penas e que vos cuidara um dia aos poucos deixa de retornar completamente a casa que lhe fora lar.

quarta-feira, 17 de abril de 2013

ter influência

Torna-se limpo e azular-se no céu da tua boca sem nuvens de gozo. Anilar o coração é polir de quentura a violácea do aço maduro, prestes a cair do galho, prestes a invaginar-se e encanecer de translucidez as provas da minha irregularidade e cortar as flores brancas do pecado viola/dor, mas não purifica. Mundificar seria o mesmo que se jogar de um abismo. Espera-se de novo que se trate de mais uma crise mundial, coletiva e da individualidade longeva, ver-se o vazamento do liquido triste sempre. O preto clareia alto sem nuvens. Negrejante em meio à corja surja suja, assim, na espera de se curar em alguns dias, me receito chá, poesia, café as cinco da manha.

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É quarta feira e quinta não pode esquecer de marcar a consulta. Se acontecer, possivelmente vai, mas se não acontecer um dia não escapará da presença, o santo o procura.

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Tocar nos cabelos gordurosos o deixava preguiçoso, o som do hotel era de silêncio, embora pela grandiosa luz da manha que invadia a brancura das faces mastigando frutas bastasse mesmo quando os olhos não mais aguentavam mais sublimações e iridescências e quando logo a frente coqueiros, azul do céu e quentura pra todos os lados diziam “olá”, era essa a imagem que vinha a mente do fustigado de tédio e falta e do sem, por que será incompleta exatamente porque há algo mais infinito que o sem e deificado como a falta? responda. Para mim um corpo de carbono sem e falta é latência que precisa de liquido e substância viril.

segunda-feira, 15 de abril de 2013

print dark

A dor fora do outro, do terceiro que lá esteve coadjuvante, apenas o balseiro do rio, o rio que não veio. Os olhos eram vítreos e parados, a fixidez se deu no silêncio e deixou que o ouvido fosse usado pra mensagem indizível, a tontura veio lerda e despretensiosa, e quando quis sufocado despertar, viu-se preso ao maneio dos sons da voz rouca e espanhola. Houve humanidade, mas não havia matéria. Não houve deificações no espaço e a presença medrosa era respeitada.

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Havia fumaça. Mas não havia cheiro. Havia penumbra e focos de sol, as palavras eram retumbantes e ecoadas como se numa catedral. Haviam homens e santos num canto. Havia a dúvida e a pergunta guardada, porque amostram eram a obliteração nos olhos. Havia grande fome de glória, mas restava a besta fera com cheiro de baunilha oferecendo lírios e anis.

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O pano limpo se visto de longe da camisa de botão resplandecia quando as pernas passavam fortes pro encontro ao meio do quarto, um banco de madeira e couro de cabrito servindo pro descanso do velho que na cabeça o cabelo branco era como se visto de longe o pano da camisa - reluzente e se pudesse escutar fremido quando o pente dobrava os fios minutos antes do encontro.

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Hoje Guilhermo despertou pensando em alguma coisa santa. Caminhando pro banheiro sentiu enquanto urinava todos os pelos do braço se arrepiarem. Voltou pra cama semi-iluminado com um pouco de sol vindo das frestas nas portas e janelas, deitou e sonhou que estava numa enorme recamara com dois homens, um o reconheceu e viu seu rosto, tratava-se de um amigo, o outro nunca o tinha visto antes. O que era conhecido disse ao outro que lhe pareceu introspectivo reclamar-lhe algo, foi então que o introspecto vestindo branco não o escutou, mas distante olhou Guilhermo e falou coisas sobre ele se aproximando, depois o chamou pra perto e falou numa língua desconhecida em seu ouvido, Guilhermo ficou tonto e decidiu despertar, mas não conseguiu, ficou preso ao som que depois ao poucos percebeu era espanhol.