sábado, 30 de novembro de 2013

ela estar na ponta, bem na ponta da língua, mas não cai, palavra, vocábulo, como ela é teimosa, mas tem medo de morrer, que angustia doida ela sente, que medo de altura, disse para si mesma. o músculo na boca balançou, dançou, lambeu e nada. em vão, continuou em equilíbrio, sentiu junto com as papilas o doce, o azedo, o salgado. e depois, bem tranquila reparou e respirou. viu que era preciso finalmente ir, ir, ir. se jogou em pleno breu e no papel desenhou-se em tinta preta. lá se envaideceu nos espelhos de iris de alguém, reparou que era bom receber tantos olhares, calor de mãos, luzes de vela, de lâmpadas, nova fonte, sempre era extraída por alguém, viajou continentes, seguia rumos diversos para outras pontas de línguas, em novos pulos, papeis, abismos brancos, breus.

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